Este módulo é um recurso para professores  

 

Uma breve história do terrorismo

 

Em termos de direcionamento, muitos dos meios e métodos táticos do terrorismo moderno, até relativamente recentemente, seguiram aqueles utilizados entre Estados (inter se) em seus conflitos armados.

Argumenta-se especificamente que, há um século, os códigos terroristas sobre alvos se assemelhavam aos códigos militares profissionais, respeitando a distinção entre soldados e oficiais, por um lado, e civis inocentes, por outro (por exemplo, o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand de Áustria em 28 de junho de 1914) (Walzer, 1977, pp. 197-234). Esse foi o caso, embora, a partir de meados do século XIX, o armamento cada vez mais industrializado facilitasse a falta de alvos, no sentido de que matar o inimigo se tornasse mais indiscriminado e mortal. Os meios e métodos industrializados e indiscriminados de guerra utilizados durante as duas “Grandes Guerras” do século 20 (por exemplo, em amplo desrespeito ao princípio da distinção) ensinaram efetivamente àqueles que se tornariam terroristas revolucionários do pós-guerra, e quem também adotaria armas e formas de combate mais irregulares (assimétricos), como a guerra de guerrilha urbana. No mundo contemporâneo, o armamento indiscriminado (por exemplo, capacidades de bombardeio de alto nível, armas de destruição em massa (ADM)) e assim por diante) é um recurso recorrente.

Em termos de estratégia terrorista, uma maneira útil de conceituar a evolução do terrorismo moderno como um recurso à violência revolucionária é fornecida pelo influente conceito de David Rapoport de 'Ondas' de terrorismo  (‘The Four Waves of Terrorism’/As quatro ondas do terrorismo). Por exemplo, uma onda é a “onda anarquista” do final do século XIX / início do século XX. Outra é a “onda anticolonial” (começando com o princípio político de autodeterminação pós-Primeira Guerra Mundial, por exemplo, a arbitragem nas Ilhas Aaland em 1921, e sua violenta evolução para um direito legal após a Segunda Guerra Mundial, sendo exemplos dessa evolução a Guerra Civil da Argélia, e a Guerra do Vietnã).

Por sua vez, as táticas empregadas em cada uma dessas ondas geralmente refletem as utilizadas entre os Estados durante os conflitos armados, principalmente porque soldados desmobilizados ao longo dos tempos tem regressado, totalmente treinados taticamente, para suas casas ao final da guerra para utilizarem a força, enquanto o nome de cada onda terrorista reflete seus objetivos estratégicos dominantes.

A teoria das ondas reflete ainda que os grupos terroristas ascendem e caem, que podem se dissolver quando não são mais capazes de inspirarem outros a continuarem com violenta resistência à autoridade, a reagirem violentamente contra uma ou outra insatisfação ou a protestarem violentamente contra a falta de concessões políticas. Este ponto também sugere que o terrorismo e suas motivações são claramente afetados pelas condições e mudanças nas culturas sociais e políticas.

Por outro lado, Parker e Sitter (2016) postulam que situações terroristas violentas ocorrem em todo o mundo não tanto em ondas, mas porque os atores terroristas são motivados de maneira diferenciada por quatro tipos de objetivos: socialismo, nacionalismo, extremismo religioso ou exclusionismo. Esses motivos (gatilhos) subjacentes não são cronologicamente sequenciais, isto é, não significa que um objetivo morre e outro deles surja. Em vez disso, eles podem trabalhar em paralelo e, ocasionalmente, se sobreporem, para motivarem diferentes movimentos terroristas de acordo com suas necessidades. 

Esse discurso acadêmico oferece uma amostra de algumas das discussões e debates que ocorrem quando se busca compreender ou categorizar melhor os grupos "terroristas". Esta série de módulos universitários, no entanto, não tem assume uma ou outra visão sobre quais são os fatores motivacionais dos vários atores não estatais. Essas são questões que aqueles que ensinam esta ou qualquer outra parte desta série de módulos universitários podem querer explorar mais profundamente em diferentes contextos.

 
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