Este módulo é um recurso para professores
Exercícios
Esta seção contém sugestões de exercícios para aprendizado que poderão ser realizados na sala de aula, ou antes do encontro, ao passo que as sugestões de atividades para casa voltadas à avaliação da compreensão do Módulo por parte do estudante estão dispostas em seção separada.
Os exercícios desta seção são mais apropriados para salas que tenham entre 30 e 50 estudantes, as quais podem ser mais facilmente organizadas em grupos pequenos para discutir os casos ou executar as atividades antes de realizarem a devolutiva para toda a turma. Apesar de, em tese, ser possível aplicar essa mesma estrutura de trabalho (de divisão em grupos menores) a turmas maiores com algumas centenas de estudantes, torna-se mais desafiador. No caso de turmas maiores, a forma mais simples de viabilizar a organização para discussão em pequenos grupos, é pedir que os estudantes se dividam em grupos de cinco ou seis, reunindo-se com os que estão sentados mais próximos. Quando forem necessários comentários, o professor deve atentar para o fato de que nem todos os grupos poderão se manifestar todas as vezes. O professor deverá realizar seleções aleatórias, buscando assegurar a todos os grupos oportunidade de contribuir com a discussão ao menos uma vez.
Todos os exercícios nesta seção são adequados para alunos de graduação e pós-graduação. Contudo, como o conhecimento prévio de cada estudante e seu acesso às discussões ora trazidas pode variar muito, a escolha a respeito da conveniência e adequação das atividades deve ser pautada no contexto educacional e social de cada grupo.
Exercício 1: Braintorming: Discriminação de Gênero no Sistema de Justiça Criminal
Este exercício deve ser realizado antes de o conteúdo inicial do Módulo ser apresentado, pois testa as ideias preconcebidas dos estudantes (por exemplo, eles podem achar que “gênero” se refere principalmente a mulheres e meninas; eles podem acreditar que mulheres transgênero estejam em uma posição de vulnerabilidade nas prisões, mas deixar de considerar os riscos sofridos pelos homens transgênero; e pode ser que eles não percebam de início que o aumento da diversidade nos quadros profissionais da justiça criminal é uma forma de mitigar presunções e discriminação em razão de gênero, bem como VSDG).
Orientações para o professor
Peça aos estudantes para escrever cinco maneiras de como as presunções e discriminação em razão de gênero podem impactar de modo negativo os indivíduos envolvidos no sistema de justiça criminal. Chame vários estudantes para, juntos, escreverem no quadro suas ideias. Uma vez que todas as ideias tenham sido anotadas, o professor poderá facilitar uma discussão da plenária a respeito das múltiplas formas que presunções e discriminação em razão de gênero, e violência sexual e de gênero operam em todos os níveis do sistema de justiça criminal (primeiro contato com a polícia, investigação, processo, julgamento, pós-julgamento e liberação). Outros tópicos relevantes para discussão são legislação, procedimentos, políticas públicas, cobertura midiática, treinamento de profissionais da justiça criminal, e diversidade (de sexo, gênero e orientação sexual) entre as profissões da justiça criminal. Os estudantes devem ser encorajados a refletir, de modo amplo, a respeito das pessoas que são afetadas por presunções e discriminação em razão de gênero e violência de gênero (incluindo mulheres e meninas, meninos e homens, e indivíduos que se identificam, ou são percebidos, enquanto LGBTI), ao entrar em contato com o sistema de justiça criminal enquanto vítimas, ofensores, acusados ou condenados, ou enquanto professionais da justiça criminal.
Exercise 2: Power Walk
Power Walk is a popular exercise used to raise awareness of social categories such as gender, ethnicity, and race. This version of the Power Walk exercise aims at raising awareness of vulnerabilities and intersectional and/or compounded forms of discrimination faced by women and persons with diverse sexual orientation, gender identity, gender expression or sexual characteristics.
Exercício 2: Caminhada do Privilégio
A Caminhada do Privilégio é um exercício famoso para conscientização dos participantes a respeito de categorias sociais como gênero, etnicidade e raça. Esta versão da Caminhada do Privilégio busca conscientizar os estudantes das vulnerabilidades e formas interseccionais e/ou compostas de discriminação enfrentadas pelas mulheres e pessoas com orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero ou características sexuais diversas.
Orientações para o professor
Corte os personagens da tabela abaixo e entregue um para cada estudante. (Se necessário, crie mais personagens).
Peça aos estudantes para se posicionarem em uma linha horizontal, lado a lado. Marque o ponto de partida.
1. Advogado com escritório particular | 2. Menino em situação de rua, 10 anos |
3. Adolescente, mãe, 17 anos | 4. Estudante universitária lésbica que mora com sua parceira |
5. Mulher egressa do sistema prisional, 28 anos, dependente química | 6. Ativista de direitos humanos bissexual |
7. Homem transgênero, solicitante de asilo | 8. Garota, 16 anos, terminou o Ensino Fundamental/Básico |
9. Professor de escola, soropositivo, mas não assumiu publicamente seu diagnóstico | 10. Médica |
11. Parlamentar, lésbica, mas que não assumiu publicamente sua orientação sexual | 12. Mulher, imigrante, minoria étnica, analfabeta, operária |
13. Policial homem | 14. Garota que foi vítima de tráfico de pessoas e foi resgatada, 17 anos |
15. Mulher, soropositiva, conselheira para pessoas com HIV e AIDS | 16. Garoto, profissional do sexo, 16 anos |
17. Mulher, profissional do sexo, 25 anos | 18. Garota, 07 anos, com mãe presa |
Leia as frases a seguir em ordem. Após cada sentença, a pessoa participante deve dar um passo adiante, se concordar com o que foi dito, e um passo para trás se discordar.
- Se me prenderem, terei acesso à representação legal.
- Se precisasse falar diretamente com um juiz ou promotor, o faria com confiança.
- Não corro risco de sofrer assédio ou abuso sexual.
- Possuo uma renda regular, ou tenho condições de me manter.
- Se me detiverem, não sofrerei tratamento violento ou grosseiro.
- Tenho condições financeiras de acessar serviços de saúde adequados.
- Se quisesse me queixar da forma como a polícia me tratou, saberia a quem recorrer.
- Sou capaz de citar algumas das leis do país.
- Se me prendessem, alguém seria imediatamente informado.
- Ao final da semana, tenho dinheiro sobrando para gastar como preferir.
- Posso viajar para onde quiser sem precisar de assistência ou permissão.
- Nenhum aspecto da minha identidade faz com que eu me sinta em risco no meu local de trabalho.
- Normalmente, não me sinto socialmente desconfortável em expressar minhas opiniões.
- Posso fazer o que eu quiser em minha casa, sem medo.
- Posso participar livremente de uma demonstração com pessoas que lutam pelas mesmas causas que eu.
- Nunca me abordaram na rua durante a noite enquanto eu voltava para casa.
Após a leitura de todas as frases, peça aos estudantes que permaneçam nas posições em que estão. Aqueles que conseguiram avançar mais, são os mais privilegiados. Os que ficaram atrás, representam aqueles em posições de maior vulnerabilidade.
Discussão: Pergunte aos estudantes, nas posições da frente, quem eles representam (quais são seus personagens), depois faça a mesma pergunta para aqueles que ficaram atrás. Pergunte a esses como eles se sentiram ao ver os outros avançando.
Exercício 3: Tabuleiro da terminologia de gênero
Esse exercício foi adaptado, com a devida autorização, do material para treinamento desenvolvido em conjunto por IOM e UNHCR “Trabalhando com Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero e Intersexo (LGBTI) em Deslocamento Forçado e Contexto Humanitário” (2017), criado por Jennifer Rumbach.
O propósito desse exercício, é familiarizar os estudantes com a terminologia básica sobre orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero e características sexuais. Ao invés de ensinar os termos centrais em um formato de aula tradicional, este exercício envolve os estudantes em aprendizado ativo, e requer que eles relacionem os conceitos e suas definições no contexto de um divertido jogo de tabuleiro.
Tabuleiro das definições
A capacidade duradoura de uma pessoa de nutrir profundos sentimentos românticos, emocionais e/ou físicos por, ou atração em relação a pessoa(s), de um sexo e/ou gênero específico. |
Qualquer ato ou tentativa de ato sexual, comentários sexuais ou avanços indesejados, a respeito da sexualidade de uma pessoa, usando coerção, por parte de qualquer pessoa, independente da prévia existência de um relacionamento com a vítima, e em qualquer contexto. |
Refere-se à pessoa que, única ou predominantemente, sente atração romântica, emocional e/ou física por pessoa de sexo e/ou gênero diferente(s) ao(s) seu(s). |
Refere-se à pessoa que, única ou predominantemente, sente atração romântica, emocional e/ou física por pessoa do(s) mesmo(s) sexo e/ou gênero que o(s) seu(s). |
Refere-se à pessoa que tem a capacidade de sentir atração romântica, emocional e/ou físicas por pessoa(s) do mesmo sexo e/ou gênero que o seu, bem como por pessoa(s) de sexo e/ou gênero distinto(s). |
Termo geralmente utilizado para descrever um homem com a capacidade duradoura para uma profunda atração romântica, emocional e/ou física em relação a outro homem. Pode também ser utilizado para descrever mulheres que sentem atração por outras mulheres. |
Medo ou ódio em relação a homossexuais ou à homossexualidade / medo ou ódio em relação a pessoas transgênero ou de expressão(ões) de gênero diversa(s). |
Uma mulher cuja capacidade duradoura para profunda atração romântica, emocional e/ou física se dirige a outras mulheres. |
A classificação de uma pessoa enquanto possuidora de características corporais femininas, masculinas e/ou intersexo. Às crianças, normalmente, é designado quando do seu nascimento com base na aparência de sua anatomia sexual. |
Um termo geral para descrever uma ampla gama de variações corporais naturais referentes a características sexuais (incluindo genitálias, gônadas e padrões de cromossomos) que não se encaixam nas típicas noções binárias de corpos masculinos e femininos. Substitui “hermafrodita”. |
Refere-se aos papéis, comportamentos, atividades e atributos socialmente construídos que em um dado contexto são considerados apropriados para indivíduos em razão do sexo que lhes foi atribuído ao nascer. |
Termo utilizado para descrever aqueles indivíduos cuja percepção de gênero está alinhada ao sexo que lhes foi atribuído ao nascer. |
Termo geral utilizado por pessoas cuja identidade de gênero e, em alguns casos, expressão de gênero, difere daquela tipicamente associada com o sexo que lhes foi atribuído ao nascer. |
A profunda e individual experiência de cada pessoa a respeito de seu gênero, que pode ou não corresponder ao sexo que lhe foi atribuído ao nascer. Envolve a compreensão que a pessoa tem de seu corpo e das várias formas de expressão de gênero. |
Termo geral utilizado para designar as pessoas cujas características sexuais, orientação sexual ou identidade de gênero os coloca fora dos parâmetros dominantes. Pessoas cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo que lhes foi atribuído ao nascer. |
Cartas dos conceitos (para cortar)
Orientation sexual
|
Violence sexual |
Heterossexual |
Homossexual
|
Bissexual |
Gay |
Homofobia / Transfobia
|
Lésbica |
Sexo |
Intersexo
|
Gênero |
Cisgênero |
Transgênero
|
Identidade de Gênero |
Pessoas de orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero e características sexuais diversas |
Orientações para o professor
Preparação: Imprima quantas vias forem necessárias do tabuleiro (aquele em que estão as definições). Cada grupo deve receber um tabuleiro. Imprima o quadro com os termos e corte os quadrados, que serão as cartas. Cada grupo deve receber um maço de 15 cartas.
Apresentação (5 minutos): Divida os estudantes em grupos pequenos, dê a cada grupo um tabuleiro e as cartas. Apresente o exercício.
Trabalho em grupo (15 minutos): Instruções para os grupos: reúna cada carta com sua definição correta no tabuleiro colocando-a na casa correspondente do tabuleiro.
Debate (10 minutos): Repasse todas as definições do tabuleiro perguntando aos grupos a quais termos eles as relacionaram.
Exercício 4: Mesa-redonda sobre patriarcado, normas sociais e culturais e desigualdades econômicas
Etapa anterior à aula
Peça aos estudantes que façam a leitura de um texto breve de base, a respeito da influência do patriarcado, das normas sociais e culturais e das desigualdades econômicas (Nações Unidas (2006). Estudio a fondo sobre todas las formas de violencia contra la mujer. Informe del Secretario General, A/61/122/Add.1., New York: UN, parágrafos 65-91), reflitam, e tomem nota, sobre como isso repercute em leis e políticas criminais, bem como em práticas do sistema de justiça criminal, e o que isso significa para mulheres acusadas, em julgamento ou condenadas por um crime.
Orientações para o professor
Para a etapa do exercício a ser realizada durante a aula, convide os estudantes para falar sobre aspectos centrais de suas anotações. Essa etapa formará a base para uma discussão guiada a respeito dos perversos efeitos do patriarcado, das normas sociais e culturais e das desigualdades econômicas, o que servirá como pano de fundo para um estudo subsequente a respeito dos seus impactos nas mulheres que entram em contato com a lei, seja como vítimas, testemunhas, acusadas ou ofensoras condenadas.
Exercício 5: Análise de leis nacionais
Essa atividade encoraja os estudantes, conscientes das formas como a discriminação opera em múltiplos contextos, a identificar medidas práticas para reforma nos vários setores (média, legislação, política, educação, etc.).
Orientações para o professor
Convide os estudantes a identificar exemplos de legislação criminal discriminatória em seu país e a debater as formas como atenta contra mulheres (ou pessoas LGBTI) e o que deve ser feito para reparar isso. Além de ser útil para os estudantes identificar estatutos discriminatórios, este exercício também lhe oferece uma oportunidade para refletir criticamente a respeito da extensão da contribuição das práticas legais e condutas de outros setores para a perpetuação ou fomento da discriminação em razão de gênero.
Exercício 6: Análise dos Casos de Estudo
Orientações para o professor
Convide os estudantes a ler os estudos de caso e discutir as questões a seguir:
a) Como os estereótipos de gênero e as normas culturais e sociais são refletidas nas leis e no procedimento criminal existente?
b) Qual a relevância das atitudes e percepções dos profissionais da justiça criminal nesse cenário? Em que influencia que essas pessoas sejam sensíveis à questão de gênero?
c) Quais são os principais obstáculos enfrentados pelas mulheres / pessoas LGBTI em conflito com a lei ao acessar a justiça nesses tipos de casos?
d) Quais são outros casos que você pode lembrar em que mulheres foram tratadas de forma diferente dos homens?
Modificações possíveis: Ao invés de utilizar os casos apresentados neste Módulo, os facilitadores podem optar por apresentar novos casos, ao executar este exercício. Para tanto, podem recorrer a compilações feitas dos casos do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos sobre identidade de gênero. Confira a seção Materiais de Ensino Adicionais para outras compilações sobre homossexualidade e orientação sexual.
Exercício 7: Análise dos Casos de Estudo
Este estudo se propõe a fazer com que os estudantes analisem criticamente o caso Presídio Miguel Castro-Castro vs. Peru, com foco especial na questão de mulheres presas.
Orientações para o professor
Peça aos estudantes que façam a leitura do estudo de caso Presídio Miguel Castro-Castro vs. Peru e debatam as seguintes questões:
a) Você acredita que mulheres e homens presos tenham as mesmas necessidades? Se não, quais são essas necessidades e como o sistema penitenciário deve tratar delas?
b) Como você conciliaria a obrigação de se cumprir uma pena restritiva de liberdade e o direito de uma mãe de cuidar de seus filhos? É possível ou desejável respeitar ambos? Se não, qual desses deve prevalecer?
c) Você considera que as leis e os procedimentos deveriam estabelecer distinções entre os homens e as mulheres em conflito com a lei? A lei deve ser igual para todos, ou deve tratar de forma diferente aqueles que são diferentes ou possuem necessidades diferentes?
d) É relevante para a atuação de profissionais da justiça criminal (por exemplo, advogados de defesa, promotores, juízes, autoridades penitenciárias, etc.) receber instruções teóricas e práticas sobre como lidar com questões de gênero? O que esse treinamento deveria abarcar?
Exercício 8: Discussão em Grupo sobre Pessoas Transgênero nas Prisões
Este exercício busca promover o debate, a respeito das possíveis vantagens e dos desafios relacionados à segregação de pessoas transgênero, em estabelecimentos prisionais. Recomenda-se aos professores que somente apliquem este exercício quando os alunos possuírem um nível suficiente de compreensão e conscientização a respeito das questões de gênero.
Orientações para o professor
Peça aos estudantes que leiam o seguinte artigo:
Lees, Paris (2016). Placing a transgender woman in a men’s prison is a cruel punishment. London: The Independent.
Divida os estudantes em grupos menores e peça a eles que reflitam sobre as complexidades da tese de que deveriam ser destinadas instalações próprias nas prisões para pessoas LGBTI. Eles deverão debater as perguntas a seguir e fazer suas anotações, para embasar suas manifestações verbais para a sala em plenária:
Quais são as vantagens e desvantagens dessa separação? (tanto aquelas mencionadas no artigo, como outras que não apareçam no texto).
Quais são as alternativas ao debate sobre prisões segregadas? (Nesta etapa, seria útil que os estudantes listassem algumas sugestões para a redução dos riscos enfrentados pelas pessoas LGBTI que entram em conflito com a lei. Por exemplo, a discriminação no local de trabalho pode aumentar o risco de cometimento de “crimes pela sobrevivência” e de falta de moradia para as pessoas transgênero. Quais estratégias práticas seriam capazes de mitigar esse problema? Diversidade nas organizações de relações e sindicatos industriais; leis antidiscriminatórias efetivas; aumento do suporte social não-estigmatizante e não-discriminatório; etc.)
Exercício 9: CSC – Construa seu Cenário: desenvolvimento de cenas referentes a grupos vulneráveis em contato com o sistema de justiça criminal para debate a respeito de boas e más práticas
O exercício requer aos estudantes que criem cenas, envolvendo grupo vulneráveis em contato com as instituições de justiça criminal. Os estudantes deverão utilizar sua imaginação e o conhecimento obtido neste Módulo, para criar um cenário que inclua atos e práticas, alguns que estejam de acordo com os parâmetros internacionais de direitos humanos, e outros que representem violações desses direitos.
Orientações para o professor
Apresentação (5 minutos): Divida os estudantes em três ou quatro grupos; apresente o exercício e os títulos das cenas.
Trabalho em equipe (30 minutos)
Cada um dos grupos selecionará um dos títulos abaixo, para desenvolver sua cena. Os cenários deverão descrever a situação envolvendo a pessoa vulnerável (se é vítima ou ofensor), como por exemplo, um depoimento na delegacia, ou ingresso em uma unidade prisional. A cena deve se desdobrar para explicar a reação da instituição de justiça criminal ou do funcionário por meio de uma narração ou diálogo entre vítima/ofensor e o respectivo funcionário da justiça criminal. A encenação deve envolver, ao menos, uma etapa do processo da justiça criminal (contato inicial com policiais, investigação, prisão preventiva, julgamento, prisão definitiva), além de boas práticas que estejam alinhadas aos parâmetros internacionais e violações de direitos humanos.
Lista de possíveis títulos para as cenas (os professores podem adaptar os títulos para os contextos locais, se necessário):
1) Uma mulher bissexual, vítima de violência doméstica por parte de seu (sua) parceiro(a), denunciando o crime na delegacia de polícia.
2) Uma garota de 17 anos, soropositiva, ingressando na unidade prisional após ser condenada por haver matado seu padrasto abusivo.
3) Um homem transgênero levado a juízo, acusado de atacar um policial em uma Parada do Orgulho LGBT.
4) Um garoto de 16 anos, gay, requerente de asilo, que se envolveu em uma briga em sua residência temporária e é acusado de esfaquear outro requerente de asilo.
5) Uma mulher dependente química que foi presa, em presença de seu filho de 2 anos, durante uma revista policial em sua casa por suspeita de tráfico.
6) (Livre) Esta opção não tem um “título” sugerindo um cenário. Os estudantes estão completamente livres para desenhá-lo.
Apresentação dos grupos e debate (25 minutos): Cada grupo deverá expor sua cena. O restante dos estudantes discutirá a situação posta, respondendo as seguintes perguntas:
- Em que medida a parte (vítima/ofensor) que é vulnerável foi discriminado em razão de sua identidade de gênero ou orientação sexual?
- Indique uma conduta descrita na cena que esteja em conformidade com os parâmetros internacionais de direitos humanos. Debata sobre como a polícia/ agente penitenciário ou juiz respeitou/protegeu/assegurou os direitos dos envolvidos.
- Identifique o ato na cena que representa a violação de direitos humanos, da vítima ou do ofensor.
Adaptações possíveis: Se houver mais tempo para a execução desse exercício, as cenas podem ser transformadas em diálogo e interpretadas em um exercício de atuação.
Exercício 10: Elaborando Avaliações sobre Diversidade de Gênero – a Polícia Nacional e o Judiciário do (País X)
O objetivo deste exercício é permitir que os estudantes apliquem os conhecimentos adquiridos sobre diversidade de gênero, na força de trabalho da justiça criminal no desenvolvimento de uma atividade prática. Em grupos, os estudantes deverão elaborar uma avaliação sobre diversidade de gênero para a Polícia Nacional do País X e o Tribunal (de competência) Criminal do País X.
Orientações para o professor
Apresentação (5 minutos): Divida os estudantes em quatro grupos e apresente o exercício. Os Grupos 1 e 2 deverão elaborar a avaliação sobre diversidade de gênero para a Polícia, e os Grupos 3 e 4 farão o mesmo para o Tribunal Criminal.
Trabalho em equipe (35 minutos): Cada grupo tem 35 minutos para desenvolver seu plano de avaliação, a partir das perguntas fornecidas nas instruções abaixo.
Instruções para os Grupos 1 e 2:
Vocês trabalham como pesquisadores para uma renomada think tank na área de Gênero e Segurança. A Polícia Nacional do País X os convidou para conduzir uma avaliação sobre diversidade de gênero no serviço policial, na condição de avaliadores externos.
Em grupo, desenvolvam um plano de avaliação de diversidade de gênero, tomando por base os seguintes pontos:
- Quais políticas e orientações institucionais do Serviço de Polícia vocês irão revisar? (Sugestão: Os professores podem apresentar sugestões para esta fase, tais como políticas de recrutamento, critérios para promoção, política de licença maternidade, estratégias de diversidade e inclusão, medidas para prevenção de assédio)
- Quais mecanismos institucionais vocês irão avaliar? (Se necessário, dê sugestões: mecanismos para denúncias e queixas, instalações físicas, equipamento policial)
- Vocês obtêm acesso a todas as informações de recursos humanos. Quais dados vocês necessitam para avaliar a diversidade de gênero entre os funcionários?
- Vocês são autorizados a entrevistar os funcionários. A quem vocês entrevistam? Listem as perguntas que vocês pretendem fazer. Decidam se vocês preferem conduzir entrevistas individuais ou encontros de grupos focais, mantendo em mente o propósito de assegurar uma abordagem sensível à questão de gênero.
Para refletir: Se vocês tivessem que conduzir essa avaliação junto à Polícia Nacional do País X, na vida real, quais desafios acreditam que enfrentariam? Debatam.
Instruções para os Grupos 3 e 4:
Vocês trabalham como pesquisadores para uma renomada think tank na área de Gênero e Estado de Direito. O Tribunal Criminal do País X os convidou para conduzir uma avaliação sobre diversidade de gênero na atuação do Tribunal, na condição de avaliadores externos.
Em grupo, desenvolvam um plano de avaliação de diversidade de gênero, tomando por base os seguintes pontos:
- Quais políticas e orientações institucionais aplicáveis ao Tribunal vocês irão revisar? (Sugestão: Os facilitadores podem apresentar sugestões para esta fase, tais como políticas de recrutamento, critérios para promoção, política de licença maternidade, estratégias de diversidade e inclusão, medidas para prevenção de assédio)
- Quais instalações e mecanismos institucionais vocês vão observar para avaliar se o espaço de trabalho é seguro e inclusivo sob o ponto de vista de gênero (exemplo, mecanismos para denúncias e queixas, instalações físicas)?
- Vocês obtêm acesso às informações de recursos humanos. Quais dados e informações vocês necessitam para avaliar a diversidade de gênero entre os funcionários?
- Vocês são autorizados a entrevistar juízes e outros funcionários do Tribunal. A quem vocês entrevistam? Listem as perguntas que vocês pretendem fazer. Decidam se vocês preferem conduzir entrevistas individuais ou encontros de grupos focais, mantendo em mente o propósito de assegurar uma abordagem sensível à questão de gênero.
Para refletir: se vocês tivessem que conduzir essa avaliação do Tribunal Criminal do País X, na vida real, quais desafios acreditam que encontrariam?
Apresentações dos grupos e debate: cada grupo terá 5 minutos para apresentar uma visão geral do plano elaborado e, em seguid,a será aberto para debates pela plenária por 5 minutos (40 minutos).
Após a conclusão do exercício, você pode indicar aos estudantes que se interessarem a leitura de Bastick (2011), um guia de autoavaliação sobre a questão de gênero para o setor de segurança.
Seguinte: Casos Práticos
Regressar ao início