Este módulo é um recurso para professores
Exercícios
Esta secção apresenta um conjunto de exercícios pedagógicos para realizar antes da aula ou durante a mesma. Uma atividade para realizar no final da aula e destinada a avaliar a compreensão dos alunos acerca do presente Módulo é sugerida numa secção separada.
Estes exercícios são apropriados para turmas de até 50 estudantes, nas quais os mesmos se podem organizar em grupos pequenos para discutirem os casos ou realizar as atividades, cabendo aos representantes de cada grupo transmitir as conclusões ao resto da turma. Embora também seja possível utilizar esta metodologia de trabalho em pequenos grupos numa turma grande, com várias centenas de alunos, tal é mais desafiante e o palestrante pode querer recorrer a certas técnicas de facilitação para garantir que haja tempo suficiente para as discussões em grupo e para a apresentação das conclusões de todos os grupos à turma. A maneira mais simples de viabilizar a discussão em pequenos grupos numa turma grande é pedir aos alunos que discutam os problemas com os quatro ou cinco alunos sentados ao lado deles. Dadas as limitações de tempo, nem todos os grupos poderão apresentar as suas conclusões em todos os exercícios. Recomenda-se que o palestrante faça seleções aleatórias e tente garantir que todos os grupos tenham a oportunidade de transmitir os seus comentários, pelo menos uma vez durante a sessão. Se o tempo permitir, o palestrante poderá promover uma discussão com toda a turma, depois de cada grupo ter apresentado as suas conclusões.
Todos os exercícios desta secção são adequados tanto para estudantes universitários, como para graduados. No entanto, as decisões sobre a adequação dos exercícios devem ser tomadas com base no contexto educacional e social, considerando-se que varia muito o conhecimento prévio dos alunos e a sua familiarização com estes problemas. O palestrante é incentivado a relacionar cada exercício com os temas-chave do Módulo.
Recomenda-se que os palestrantes comecem a construir um ambiente propício e amigável logo no início da aula e antes da realização do primeiro exercício. Isso pode ser feito através de atividades de “quebra-gelo”, analisando respeitosamente as orientações e opiniões iniciais dos alunos sobre a corrupção e demonstrando interesse genuíno nas suas perspetivas. Uma vez que os alunos passem a ver o palestrante como respeitador, genuinamente interessado nas suas orientações sobre o tema e consistente na gestão dos comentários maliciosos ou pejorativos de outros colegas, estará estabelecido um ambiente seguro que permitirá uma melhor e mais eficaz aprendizagem e desenvolvimento por parte dos estudantes.
Exercício 1: Quebra-gelo
Este é um bom exercício para dar início à lecionação do Módulo. Após a realização do mesmo, lecione a aula e promova a discussão, retornando ao exercício no final da aula para saber o que os estudantes acham das posições inicialmente manifestadas.
O palestrante distribui pequenas folhas de papel a todos os estudantes e transmite as seguintes instruções:
Não escreva o seu nome no papel. Gostaria que escrevesse antes os números 1, 2 e 3 e, a seguir a cada número, um certo (para sim) ou uma cruz (para não), à medida que vai respondendo às diferentes questões. Não necessita de se preocupar com aquilo que vai escrever porque as respostas serão anónimas.
1) Na sua opinião, os homens na política são mais propensos do que as mulheres na política a apropriarem-se de fundos do seu país?
2) Imagine que uma mulher agente da polícia de trânsito decide parar um motorista por infringir a lei. Acha que será mais provável que venha a ser oferecido um suborno à agente da polícia do que se se tratasse de um agente (homem) nesta mesma situação?
3) Na sua opinião, se uma mulher famosa do seu país fosse denunciada por corrupção, e um homem famoso do mesmo país tivesse sido denunciado há um ano por ter feito exatamente o mesmo, acha que a sociedade reagiria da mesma forma nos dois casos? (Tenha em conta Rheinbay e Chêne, 2016, 5).
Um estudante é incumbido de recolher, baralhar e distribuir aleatoriamente os papéis. O palestrante pede, em seguida, aos estudantes que desdobrem os papéis que receberam (contendo a resposta de outro estudante). Em seguida, o palestrante lê as questões, uma de cada vez, e pede aos estudantes que levantem a mão se o papel que receberam indicar “sim” como resposta a essa particular questão.
Orientações para o palestrante
Este exercício foi formulado de forma a evitar qualquer tendência para que sejam dadas respostas socialmente desejáveis, isto é, para evitar que os estudantes não deem respostas honestas por recearem o que os outros podem vir a pensar sobre eles. Para garantir o anonimato, é importante desencorajar a curiosidade em torno da questão “que papel é que eu recebi?”. Nesse sentido, pode ser útil que todos os estudantes escrevam os seus certos e as suas cruzes utilizando canetas da mesma cor.
O palestrante deve apresentar conclusões após os estudantes terem levantado as mãos e ninguém, algumas, a maioria ou quase todas as pessoas ter respondido “sim” a cada questão. Deve, igualmente, estabelecer a ligação entre cada questão e um ponto de matéria mais amplo que demonstre:
- Estereótipos face à corrupção com base na corruptibilidade.
- A variação percecionada com base no sexo em termos de oportunidades para a corrupção.
- Estereótipos de género injuntivos face à corrupção.
- Respostas sociais e mecanismos de dissuasão em torno do género e corrupção.
Logo após a sessão de análise dos resultados do exercício, a discussão entre os estudantes deve ser encorajada. Dê aos estudantes alguns minutos para refletirem sobre o contexto social por detrás das respostas que deram como um todo. A discussão deve ter em conta como é que os estudantes provenientes de outros contextos podiam ter respondido às questões de forma distinta e que fatores é que, em cada questão, podiam ter contribuído para a modificação das respostas.
Em turmas de grande dimensão (+ de 50 estudantes), este exercício pode ser levado a cabo com o auxílio de um programa virtual de resposta imediata (caso exista internet e as instalações o permitam).
Exercício 2: Encarar a corrupção e redes de género
Cada estudante (ou grupo) escreve um pequeno parágrafo sobre um caso hipotético em que uma rede constituída por membros de um único género desenvolve/promove comportamentos corruptos. Para garantir a diversidade entre os casos formulados pela turma, o palestrante pode atribuir a cada grupo uma área específica de trabalho (por exemplo, setor privado, esfera política, educação, cuidados de saúde) dentro da qual os estudantes devem situar o seu caso hipotético. Os parágrafos são depois trocados entre os estudantes ou grupos da turma.
Ao receberem um parágrafo escrito por um ou vários colegas, os estudantes devem elencar todas as partes interessadas implicadas ou afetadas pela situação corrupta, bem como os seus efeitos consequenciais (que podem não ter sido explicitamente mencionados no parágrafo que receberam, mas que daí podem ser razoavelmente extraídos). Em seguida, os estudantes devem discutir opções realistas sobre como evitar a formação e combater os efeitos consequenciais de tais redes, utilizando o “género” como ferramenta. Logo após, os estudantes devem considerar as potenciais políticas e mecanismos disponíveis para minorar a produção de tais efeitos a cada uma das partes interessadas, bem como proceder à anotação das dificuldades que lhe estão associadas. Se não se conseguir identificar uma opção promissora, os estudantes devem pensar sobre como os mecanismos institucionais podem facilitar a denúncia das situações existentes, assim como sobre os mecanismos preventivos a longo prazo.
O palestrante deve depois pedir a alguns estudantes que resumam em dois minutos as conclusões dos seus grupos e deem a conhecer aos demais o que consideram ser as formas mais promissoras de encarar o problema. Depois disso, o palestrante estende a discussão a toda a turma.
Orientações para o palestrante
O palestrante deve deixar claro à turma que o caso hipotético a ser desenvolvido tem de ser suficientemente abrangente, incluindo um roteiro histórico que conduza a ações e consequências que envolvem as várias partes interessadas no seio de uma estrutura organizacional claramente definida.
O palestrante deve, além disso, destacar as dimensões operacionais do “género” no combate contra a corrupção e concentrar-se na análise das medidas preventivas e mecanismos que podem ser engendrados.
Exercício 3: Estudo de Caso: Compreensão das desigualdades de representação na aplicação do direito
Antes da aula ou nos primeiros cinco minutos da mesma, peça aos estudantes para lerem este artigo e o CHRI Study Rough Roads to Equality: Women Police in South Asia, aqui apresentado como um estudo de caso. Em seguida, promova a discussão em torno das seguintes questões:
- Porque as mulheres não ingressaram nas forças policiais indianas na proporção estabelecida pelas diretrizes do governo federal?
- Que tipos de crimes tendem a não ser denunciados como resultado da falta de polícias do sexo feminino?
- Quais são os atos de corrupção, portanto, mais propensos a ficar impunes?
- Considere algumas das maneiras pelas quais as mulheres polícias podem contribuir no exercício das funções policiais, como a patrulha comunitária ou atendimento a vítimas, que são mencionadas num artigo do Wall Street Journal. Como aumentar a diversidade nas forças policiais pode modificar as oportunidades para a corrupção?
- Consegue pensar em políticas que pudessem ser adotadas para aumentar o número de mulheres candidatas a integrar as forças policiais?
- Consegue pensar em políticas que pudessem ser adotadas para reduzir os casos em que as mulheres são consideradas “cópias baratas” dos polícias do sexo masculino?
- Discuta possíveis barreiras à entrada de mulheres em instituições públicas que não tenham sido mencionadas no artigo.
Orientações para o palestrante
Desenvolva a discussão e encoraje o debate entre os estudantes. Depois de analisar algumas questões relativas ao estudo e ao artigo, o palestrante pode guiar a discussão para o tópico das instituições públicas, por exemplo, das instituições de polícia no seu próprio país.
Para turmas de maiores dimensões (+ de 50 estudantes), o palestrante pode utilizar um documento de edição online conjunta (Google Docs ou Padlet). O palestrante pode dividir a turma em equipas, mantendo o anonimato, com vista a promover a discussão online de alguma questão específica referida na lista acima. O palestrante pode, depois, recolher, exibir e resumir os principais tópicos.
Exercício 4: Integração de género no combate à corrupção
Antes da aula, peça aos estudantes que identifiquem um pequeno trecho do documento IDB ‘Integração de Género no Fundo de Transparência’ que possa ser aplicado aos seus países. Em seguida, peça-lhes que preparem uma pequena apresentação (de 5 minutos) sobre como tal poderá ser levado a cabo. Apesar de o documento abordar políticas de transparência, as questões levantadas podem ser aplicadas a outras políticas anticorrupção. Os estudantes devem realizar a sua própria investigação, além da leitura das seções relevante do documento IDB. Vídeos e outros materiais elaborados pela EIGE estão disponíveis na secção deste Módulo relativa aos materiais de ensino adicionais e podem ser úteis neste domínio.
Orientações para o palestrante
Em vez de deixar os estudantes escolher, o palestrante pode, antes da aula, pedir aos mesmos que pensem sobre o que a integração de género poderá significar para a política anticorrupção concreta no seu país, dividindo as questões da lista A (vide abaixo) pela turma. Para isso, o palestrante deve indicar aos estudantes a leitura do Capítulo 3 do documento IDB, disponível na secção deste Módulo relativa aos materiais de ensino adicionais e pedir-lhes que leiam um pequeno trecho relevante (normalmente, com uma extensão de menos de uma página) que se relacione com a sua questão.
Em alternativa, o palestrante pode pedir aos estudantes que selecionem um ponto da lista B (vide abaixo) e depois identifiquem a política relacionada com a corrupção que possa ser razoavelmente introduzida ou melhorada no seu país, tendo o respetivo ponto em conta. Uma vez mais, o palestrante deve indicar aos estudantes a leitura de um trecho relevante do documento IDB, desta vez do Capítulo 4.
Lista A:
- As mulheres e os homens beneficiam de forma igual da política e do projeto? Como sabemos isso?
- As mulheres fornecem tanta informação e têm acesso à mesma como os homens?
- As mulheres têm uma voz substantiva (ou tiveram uma voz substantiva) no processo de tomada de decisão?
- Existem oportunidades para envolver organizações de mulheres para refletir a avaliar formalmente a política anticorrupção adotada?
- A política apresenta riscos baseados no género?
- A política toma em consideração as mulheres de todas as identidades sociais, económicas e étnicas/raciais?
Lista B:
- Auditorias de igualdade de género.
- Sistemas de queixa sensíveis ao género.
- Negociações de contratos sensíveis ao género.
- Orçamentos sensíveis ao género.
- Equilíbrio no campo da contratação pública.
Exercício 5: Revisão da aula
Durante os últimos minutos da aula, pergunte aos estudantes quais os principais tópicos a reter e quais as dúvidas que ainda têm relativamente à temática discutida. O palestrante pode estimular a participação do resto da turma no esclarecimento das dúvidas, dando a outros estudantes a oportunidade para responderem às questões dos colegas.
Orientações para o palestrante
Dependendo das respostas, o palestrante deve clarificar todos os pontos da matéria que não tenham sido bem compreendidos pelos estudantes, indicando-lhes textos específicos da lista de leituras avançadas que estes possam utilizar para esclarecer determinados aspetos.
Em turmas de maior dimensão (+ de 50 estudantes), o palestrante deve substituir este exercício por um outro de reflexão, pedindo aos estudantes que escrevam individualmente as três ideias que consideraram mais inovadoras e o modo como a sua perceção sobre as diferenças de género na corrupção e corruptibilidade foi alterada. O palestrante pode depois apresentar os pontos-chave da sessão.
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