- Positivismo: Influências Ambientais
- Clássica: Decisões Dor-Prazer
- Fatores Estruturais e Criminalidade Organizada
- Perspetiva Ética: A Falha Moral na Tomada de Decisão
- Perspetivas sobre as Causas do Crime e os Fatores Coadjuvantes
- Resumo
- Referências bibliográficas
Publicado em maio de 2018
Este módulo é um recurso para professores
Positivismo: Influências Ambientais
A perspetiva positivista da criminologia, olha para as influências internas ou externas ao indivíduo como a principal causa do comportamento criminoso. A maioria das tentativas para explicar o crime ao longo do último século, examinou os fatores sociais como a sua causa. A suposição desses esforços, é que a mudança das condições sociais levará à redução ou prevenção do comportamento criminoso. (Akers, Sellers, Jennings, 2016; Matthew and Dulisse, 2014; Williams III and McShane, 2017)
Esta explicação, baseada em estruturas de oportunidade, postula que o crime resulta da falta de acesso a meios legítimos (i.e., “uma oportunidade impedida”) para alcançar objetivos sociais (e.g., arranjar um bom emprego ou, de forma geral, alcançar o sucesso económico). (Cloward and Ohlin, 1960) Portanto, alguns bairros nos extremos mais pobres de condições sociais e económicas, são mais férteis em oportunidades para atividades ilícitas, do que outros.
Desenvolvem-se três tipos de subculturas criminosas, quando os jovens retiram a legitimidade de objetivos sociais aceites, porque não têm os meios para os atingir (e.g., desiguais oportunidades de emprego, ou a incapacidade para obter educação superior ou formação). As três subculturas são: criminosa, conflitual e de exclusão. A subcultura criminosa ocorre quando esses jovens se associam e se tornam aceites como adultos criminosos. A subcultura do conflito envolve gangues violentos nos quais o estatuto se obtém através da intimidação e guerras pelo território. A subcultura da exclusão é assumida por aqueles que não têm, quer a oportunidade, quer as aptidões para lograr a aceitação nas subculturas criminosas ou de conflito; estes indivíduos podem tornar-se desistentes ou viciados em estupefacientes.
A subcultura criminosa tem a conexão mais evidente com a criminalidade organizada. Nestas situações, os jovens tornam-se aprendizes de criminosos, que desenvolvem relações com criminosos de carreira, de membros de grupos criminosos organizados. De acordo com esta teoria, a participação em grupos criminosos organizados é, portanto, motivada por oportunidades impedidas de sucesso na sociedade legítima.
A oportunidade impedida e o crime A oportunidade impedida não conduz diretamente para uma vida de crime, uma vez que terão de existir oportunidades para constituir relações com a subcultura criminosa, bem como a capacidade pessoal para ganhar um estatuto nesse meio. Dessa forma, é necessária uma fusão de grupos etários e valores comuns que aceitam e incentivam a prática dos crimes, para que os jovens passem a integrar da subcultura criminosa adulta. (Albanese, 2015) |
Existem teorias sociológicas do crime que explicam como os jovens se tornam em adultos criminosos. Cada um se centra em diferentes fatores sociais que afetam a pessoa. Estas teorias focam-se nas “tradições delinquentes” encontradas em alguns bairros, “aprendendo” com outras pessoas que o crime é aceitável, ou “neutralizando” o sentimento de culpa sobre a sua conduta criminosa, racionalizando-a. (Matza, 1964; Shaw and McKay, 1960; Sutherland, 1939)
Certamente que outros fatores podem aumentar as oportunidades para a criminalidade organizada. Por exemplo, o comércio global, a facilidade de movimentação à volta do mundo, bem como os avanços tecnológicos, criam novas oportunidades de exploração (um exemplo é a exploração sexual de crianças online) e a diversidade de atividades (e.g. novas rotas de tráfico ilícito de migrantes, novas formas de tráfico e venda de bens culturais ou espécimes da vida selvagem, e branqueamento de capitais, bem como métodos inovadores para falsificar produtos médicos ou produção de produtos contrafeitos e tecnologias). A teoria das oportunidades descrita acima, tenta apresentar as razões e explicar como os indivíduos exploram essas oportunidades quando as mesmas lhes são apresentadas.
Uma crítica às explicações positivistas da criminalidade organizada, é que as mesmas se centram em influências externas do comportamento (ou psicológicas). Apesar de todas as influências na vida de uma pessoa e as oportunidades para cometer um crime, os indivíduos ainda precisam de tomar a decisão final de violar a lei. Má vizinhança, falta de apoios à família e a presença de grupos criminosos organizados, tornam difícil que alguém se torne num adulto cumpridor da lei, não obstante, ainda que muitos cresçam nestes contextos, o são. Há diversos fatores que influenciam a escolha das pessoas cometerem crimes, mas estas influências não determinam a decisão de explorar oportunidades de maneira criminosa. Em conclusão, as explicações positivistas ilustram quais as condições que tornam o estilo de vida criminoso uma escolha fácil, mas não explicam por que razão muitas pessoas são bem sucedidas, ainda que contra as probabilidades e o seu ambiente.