Este módulo é um recurso para professores 

 

Exercícios

 

Esta seção contém sugestões de exercícios educacionais para desenvolvimento antes e durante as aulas. Em outra seção, é sugerida uma tarefa pós-aula, para avaliar o entendimento do estudante sobre o módulo.

Os exercícios desta seção são mais apropriados para turmas com o máximo de 50 estudantes, podendo ser facilmente organizadas em pequenos grupos, para discutir casos ou conduzir atividades, antes que os representantes dos grupos apresentem os seus resultados a toda a turma. Embora seja possível usar a mesma estrutura de grupos pequenos em salas maiores, compostas por centenas de estudantes, a situação é mais desafiadora e o professor pode querer adaptar técnicas de facilitação para garantir que haja tempo suficiente para as discussões em grupo, assim como para fornecer os seus comentários para toda a turma. O jeito mais fácil de tratar a discussão com uma sala maior tão seriamente como em grupos pequenos, é de pedir aos estudantes que discutam as questões com os quatro ou cinco estudantes que estejam sentados próximos a eles. Dadas as limitações de tempo, nem todos os grupos serão capazes de apresentar as suas discussões em cada exercício. Recomenda-se que o professor faça seleções aleatórias e tente se certificar que todos os grupos tenham a oportunidade de se manifestar, pelo menos uma vez durante a aula. Se o tempo permitir, o professor pode promover um debate entre todos, depois da apresentação de cada grupo.

Todos os exercícios nesta seção são apropriados para estudantes de graduação ou pós-graduação. No entanto, como o conhecimento prévio dos estudantes e exposição aos temas varia bastante, as decisões sobre a adequação dos exercícios devem ser baseadas em seus contextos educacional e social. O professor é incentivado a relacionar e conectar cada exercício às questões principais do Módulo.

Alguns exercícios incluem uma TED Talk recomendada que o professor pode exibir durante a aula para inspirar o debate. As TED Talks são conferências gratuitas disponíveis na Internet. São informativas e realizadas por pessoas com conhecimento direto do assunto. Os professores podem usar as TED Talks que considerarem mais adequadas para seus estudantes ou conduzir exercícios sem as utilizarem. 

Exercícios pré-aula: O que sabemos sobre a ética dos mídia?

Peça aos estudantes para preparar em casa, antes da aula, um relatório, de uma página, sobre seu uso dos mídia e das redes sociais e visão deles sobre estas. Peça para que respondam a perguntas como: Qual é o papel doss mídia de notícia e das redes sociais? Qual é a sua principal prioridade: entretenimento, notícias, lucro, verdade, serviço público ou uma combinação destes elementos? Os estudantes devem descrever por que escolheram uma das opções de cima e o que eles veem como seu próprio papel no ambiente midiático e nas redes sociais, na atualidade. A atividade deve ser entregue no início da aula. 

Orientações para o professor

Este exercício pré-aula pode ser útil para expandir as perspectivas dos estudantes, sobre os tópicos do Módulo. Os professores devem pedir, com bastante antecedência, aos estudantes que preparem esta atividade antes da aula. 

Exercício 1: Como escolher a sua notícia

Peça aos estudantes que escrevam as suas atuais fontes de notícias, tanto nos mídias tradicionais quanto nas redes sociais.

Peça aos estudantes que leiam as suas escolhas e façam a seguinte pergunta:

  • Porque você escolheu esta(s) fonte(s)?
  • Porque você acha que são fontes confiáveis?
  • Você consegue identificar quem é o autor da reportagem?
  • Quais outras investigações eles fazem para confirmar uma narrativa?
  • Quantas vezes eles já compartilharam, retuítaram ou postaram uma notícia sem investigar a sua autenticidade ou credibilidade?
  • Alguma vez aconteceu descobrir, depois de postar, que a notícia compartilhada não era verdadeira? Se sim, o que fez depois?

Conclua a discussão fazendo a seguinte pergunta para os estudantes: Qual é a nossa responsabilidade ética como cidadãos, estudantes e participantes das redes sociais de pensar de forma independente e resguardar a verdade do que lemos e reportamos?

O professor pode finalizar ou iniciar este exercício com a exibição da TED Talk: How to Choose Your News (Como Escolher suas Notícias - em tradução livre). Trata-se de uma TED Talk, curta e concisa, sobre os mídia modernos. A conferência aborda questões de controle dos mídia, como identificar o viés dos mídia, considerando o momento e a escolha de palavras; como verificar ou contestar uma notícia dos mídia ou das redes sociais, pela verdade ou profundidade, e como ser um consumidor inteligente dos mídia. 

Diretrizes ao  professor

A orientação dos estudantes à reflexão destas questões pode ser baseada em suas próprias experiências com os mídia tradicional e as redes sociais. O objetivo deste exercício é fazer com que os estudantes percebam que essas questões têm um impacto pessoal sobre eles e não são somente responsabilidades ou problemas de outras pessoas. O professor pode usar esse exercício para conscientizar os estudantes de que, no mundo de hoje, todos participam da coleta e disseminação de notícias e reportagens. Tal exige que todos tenhamos responsabilidade com a verdade do que produzimos, distribuímos, redistribuímos ou lemos.

Também pode ser útil usar como referência o artigo “Visiting the House of Rumor” (vide leituras Principais), para dar uma perspectiva histórica e destacar que as preocupações com as fake news não são novas ou apenas um problemas das redes sociais. 

Exercício 2: A ascensão das fake news

Mostre aos estudantes este documentário que aborda as “fábricas” de fake news na Antiga República Jugoslava da Macedônia. Após uma breve discussão sobre o documentário, peça aos estudantes para criar uma fake news e mostrá-la à turma, junto a outra notícia que seja verdadeira. Peça a alguns estudantes que apresentem as suas histórias e peça aos colegas para distinguir entre a notícia verdadeira e a falsa e conduza a discussão em torno deste exercício.

Após os estudantes terminarem a atividade, exiba a TED Talk: Think like a Journalist, quetem uma história inicial engraçada e se relaciona bem com o tema principal do jornalismo ético e confiável, além de trazer o argumento de que o reenvio de notícias pelas redes sociais faz com que todos nós sejamos repórteres instantâneos. Esta é uma excelente transição, de uma perspectiva mais ampla da ética dos mídia para a ética dos mídia a partir de uma perspectiva individual. Como repórter do jornal Plano Star Journal, Samuels apresenta uma palestra sobre as fake news, desinformação, perigos das bolhas nas redes sociais e o papel da mídia, bem como o papel do consumidor de mídia em nossa era da Internet. A palestrante usa as suas experiências pessoais do ensino médio, como estudante universitária e, posteriormente, como uma jovem jornalista, o que fará com que as questões pareçam ainda mais relevantes para os estudantes.

Orientações para o professor

Este exercício auxiliará os estudantes no entendimento das complexidades envolvidas na ascensão das fake news, um problema persistente que transcende políticas e fronteiras. 

Exercício 3 - Dinâmica: os mídia têem um “dever de cuidado”? 

O professor divide a turma em quatro grupos, representando diferentes segmentos: o consumidor de mídia, o jornalista, o produtor de mídia (proprietário) e o órgão regulamentador do governo. O professor pede que os estudantes interpretem um diálogo ou discutam os seguintes temas: Os mídia tem o dever de cuidado de ser precisos? Os mídia têem esse dever em relação a quem?

Outras possíveis perguntas a serem exploradas:

  • Qual é o dever de cuidado dos mídia para com o consumidor?
  • O dever de cuidado dos mídia pode ser dirigido, regulado ou orientado por decisões legais sobre o dever de cuidado em outras circunstâncias?
  • O dever de cuidado se aplica de forma diferentes aos tabloides vs. meios de comunicação tradicionais, mídias abertamente tendenciososs vs. mídias comercializados ou a qualquer rede social individual?
  • É papel dos mídia inflamar, informar ou vender os mídia por qualquer meio escolhido e, assim, afetando o dever de cuidado?

Os estudantes devem enfatizar o foco ético principal ou as expectativas do grupo ao qual foram atribuídos. 

O professor pode finalizar ou iniciar este exercício com a exibição da TED Talk: Does the media have a "duty of care"? Esta conferência aborda as obrigações dos mídia de serem corretos e verdadeiros, além do dever de cuidado com os consumidores.

Orientações para o professor

O professor pode abrir a discussão com as perguntas acima e, então, cuidadosamente guiar os grupos para mantê-los no foco. É especialmente importante que os estudantes mantenham o foco no grupo ao qual foram atribuídos e que não deixem uma crença pessoal distraí-los. O importante é o aprendizado proporcionado pelo exercício e não que o estudante acredite na posição que lhe foi atribuída.

Isto ensina a importância do desacordo entre pares como metodologia de apuramento dos factos para a verdade ou para uma melhor decisão sobre a verdade e como através de uma prática crítica se chega a uma tomada de decisão ética. Um colega capaz de interpretar o papel de advogado do diabo é o melhor amigo de um jornalista ou ou de um blogueiro. 

Exercício 4: Estudos de caso: Potter Box e a ética dos mídia

O objetivo deste exercício é apresentar aos estudantes o modelo de tomada de decisão ética conhecido como “Potter Box” (batizado em homenagem ao seu criador, o professor da Universidade de Harvard, Ralph Potter), e explorar sua aplicação aos estudos de caso de ética dos mídia. O método Potter Box exige que: (1) definamos com precisão a situação ou dilema e depois pensemos (2) nos valores subjacentes em cada caso, (3) nos princípios que são mais importantes a serem aplicados, e (4) nas lealdades em conflito que podem existir, por parte de vários intervenientes no caso. Esta abordagem, em quatro etapas, foi concebida para abrir o pensamento e promover discussões sobre um processo sistemático para a tomada de decisões éticas.

O palestrante apresenta o método Potter Box e demonstra cada uma das quatro etapas do método por meio de uma discussão com os estudantes.

Então deve pedir que apliquem o método Potter Box aos estudos de caso selecionados do site Society of Professional Journalists. Os estudos de caso disponíveis no site da SPJ abordam uma gama de questões, como expressam os seus títulos:

  • Using the ‘Holocaust’ Metaphor
  • Aaargh! Pirates! (and the Press)
  • Reigning on the Parade
  • Controversy over a Concert
  • Deep Throat, and His Motive 
  • When Sources Won’t Talk
  • A Suspect “Confession”
  • Who’s the “Predator”?
  • The Media’s Foul Ball
  • Publishing Drunk Drivers’ Photos
  • Naming Victims of Sex Crimes
  • A Self-Serving Leak
  • The Times and Jayson Blair
  • Cooperating with the Government
  • Offensive Images
  • The Sting
  • A Media-Savvy Killer
  • A Congressman’s Past
  • Crafting a Policy

Após selecionar o estudo de caso, o professor pede aos estudantes que criem o seu Potter Box individualmente e anotem as suas ideias. Então, o professor pede aos estudantes que compartilhem as suas análises com a turma e reflitam sobre as seguintes perguntas:

  • Que valores, princípios e lealdades são opostos? Use a palavra “versus”, através do indicador “vs.”, entre eles, tal como, por exemplo, “verdade vs. inocência” ou “segurança vs. responsabilidade”.
  • Você consegue usar o Potter Box para te fazer pensar de uma forma nova, para além das respostas óbvias? Após enumerar as “oposições”, você consegue enumerar mais valores, princípios e lealdades conflitantes que te ajudarão a entender melhor o caso e a solucioná-lo? 
  • Quais as possíveis limitações ao Potter Box? Que possíveis falhas de lógica ou de solução de problemas podem surgir ao basearmo-nos apenas neste método?
  • Você acha que o uso do método está produzindo uma resposta melhor que o seu próprio pensamento intuitivo? Qual é o valor real do método e da sua solução para os problemas? 

 Nunca é demais salientar a importância de introduzir os estudantes a uma ferramenta sistemática real para a tomada de decisões morais. O método Potter Box, apesar de aberto às críticas como qualquer outra ferramenta como essa, tem sido empregue há décadas em muitos tipos de trabalho e formações sobre ética. O método Potter Box foi planejado para expandir as perspectivas de pensamento e promover discussões sobre um processo sistemático para a tomada de decisões éticas. Pode servir como um microscópio que ajuda a enxergar o que está por baixo da questão ética, ao invés de uma calculadora que dá respostas precisas.

O método Potter Box é bem apresentado, ilustrado e explicado no capítulo de abertura do livro Media Ethics: Cases in Moral Reasoning,mencionado na lista de Leitura Avançada abaixo. Caso você não tenha acesso ao livro, você pode saber mais sobre o método assistindo este vídeo, lendo este artigo ou lendo o post deste blog. Se você não conhece o Potter Box, será muito útil ler sobre ele, bem como pegar num ou dois estudos de caso de sua escolha e aplicar você mesmo o método. Podem encontrar-se estudos de caso relevantes na literatura ou no site da Sociedade de Jornalistas Profissionais.

Em sala de aula, os estudantes não terão tempo para desenvolver totalmente o pensamento por trás de cada etapa do Potter Box. Contudo, o exercício treinará os estudantes a fazerem questionamentos importantes como: Quem mais seria impactado? Que precedente devo estabelecer? Que interesse pessoal, profissional e social impactará sobre a minha decisão? O quanto irei lesar ou auxiliar terceiros inocentes? Em geral, o estudante deverá aprender a fazer perguntas chave e usar a análise sistemática, não apenas fazer julgamentos instantâneos sem uma lógica moral. 

Exercício 5: Astroturfing e a manipulação das mensagens dos mídia

O professor começa o exercício com a exibição da TED Talk Astroturf and manipulation of media messages. Esta TED Talk é uma excelente continuação para o Potter Box, uma vez que demonstra a necessidade de uma investigação ética das notícias e o dano que pode causar para o consumidor, repórter e para a credibilidade da empresa de comunicação não fazer tais investigações. A palestra destaca o crescente fenômeno em que grupos políticos, empresariais e de outros interesses se disfarçam de mídia espontânea do público, institutos de pesquisas ou testemunhos pessoais bem fundamentados. A conferência discute as motivações por trás disso, tais como o controle do discurso das redes sociais, envolvendo uma questão específica ou um produto, a sobrepor-se às investigações independentes, ou a informações contrárias, usando uma enxurrada de dados confusos, pareceres e informações de supostos especialistas no assunto. Não é incomum que grandes corporações ou políticos utilizem os seus recursos e poder para criar, em todas as formas de mídia, reportagens coerentes, porém falsas, para o seu próprio benefício. A discussão sobre a Wikipedia será surpreendente para os estudantes. A TED Talk termina com dicas muito úteis sobre como reconhecer se o “astroturfing” está por trás da reportagem.

A TED Talk expõe que uma grande parte dos mídia modernos são conduzidos por avaliações e propagandas que frequentemente ignoram seu dever ético de investigar a autenticidade da história antes de distribuí-la como notícia. Esta Ted Talk também aborda estratégias úteis para se reconhecer o “astroturfing,” a fim que se aplique o dever ético à verdade nos mídia e nas redes sociais; estes tópicos poderão conduzir a turma a discussões importantes.   

Após a TED Talk e uma breve discussão, indique histórias do site Fake News, para que sejam analisadas e discutidas em pequenos grupos. Os estudantes devem considerar se houve “astroturfing” por detrás da fake news. Vide: iMediaEthics. Este site apresenta uma lista de reportagens atuais, publicadas sem checagem ou investigação da verdade ou autenticidade dos fatos. Muitas delas foram seguidas por nota de retratação, no entanto, o site oferece histórias contemporâneas para criar discussões interessantes em sala de aula sobre como tais reportagens foram publicadas, mesmo sendo falsas. Negligência? Por engano? Astroturfing? 

A TED Talk é bastante envolvente e interessante, mas ainda assim é uma breve visão geral de uma questão muito complexa. Os estudantes precisarão de entender a dificuldade em se detectar o “astroturfing” e, além disso, se descobrir os fatos por detrás dele. Será importante reconhecer esta complexidade, e, por isso, deve encorajar-se os estudantes a fazerem um esforço para entenderem as questões. Este objetivo é melhor alcançado ao conversar-se com cada um dos grupos durante o desenvolvimento do exercício e ao incentivar-se a investigação e a preparação para o momento da discussão com a turma. 

Exercício 6: Jornalismo do Cidadão

O professor começa o exercício exibindo a TED Talk Citizen Journalism. Esta conferência introduz a ideia de um “novo jornalismo”, isto é, o jornalismo cidadão ou colaborativo. Quais são as possibilidades e os perigos associados ao jornalismo do cidadão moderno? Usando dois exemplos reais, de meios de comunicação bastante diferentes exibindo notícias que estão longe de serem verdadeiras, a palestra explica como um grupo interessado manipulou cada uma das histórias. Ambas as notícias são posteriormente contestadas, com a ajuda do jornalismo do cidadão, que expôs os fatos como realmente aconteceram. A TED Talk demonstra, de forma poderosa, a importância do jornalismo do cidadão.

A TED Talk oferece um excelente ponto de partida para a introdução do Código de Ética para Jornalistas da Sociedade dos Jornalistas Profissionais. As histórias dão margem para uma discussão final bastante inspiradora e engajada, com a cautela de que erros, manipulação ou fake news são sempre prováveis de acontecer, exigindo a utilização dos princípios encontrados no código de ética. A aula deve terminar como começou, com uma discussão em grupo aberta e centralizada no estudante.

Diretrizes ao professor

Um objetivo do Exercício 6 é deixar os estudantes com uma impressão positiva e proporcionar a automotivação, para que pesquisem e estudem mais sobre o assunto. Como este módulo possui um cronograma apertado, o professor pode optar por eliminar a TED Talk ou a discussão sobre o Código de Ética. A TED Talk pode ser indicada aos estudantes como uma atividade posterior, para estudos individuais ou para estudantes que tenham interesse específico no assunto. Caso o Código de Ética não seja abordado, ele pode ser copiado e entregue aos estudantes no final da aula, para uma futura referência.

 
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