Este módulo é um recurso para professores 

 

Exercícios

 

Esta seção contém sugestões de exercícios pedagógicos para serem aplicados em sala de aula e, também,  preparatórios. Sugere-se numa seção posterior, separada desta, uma tarefa pós-aula, para avaliar a compreensão do Módulo pelo aluno. 

Os exercícios desta seção são mais adequados para turmas de um número máximo de 50 alunos, pois, os alunos podem ser facilmente organizados em pequenos grupos, nos quais discutirão casos ou realizarão atividades, antes que os representantes dos grupos forneçam feedback para toda a classe. 

Embora seja possível ter a mesma estrutura de pequenos grupos em grandes classes, composta por algumas centenas de alunos, o trabalho torna-se mais mais desafiador nessas circunstâncias. Assim, nos casos de grande classes, o palestrante pode adotar outras técnicas de facilitação, para garantir tempo suficiente para as discussões de grupo e, também, para que seja realizada a partilha (feedback) com toda a classe.  

A maneira mais fácil de lidar com a exigência de uma pequena discussão em grupos, em uma classe grande, é pedir aos alunos que discutam os problemas com quatro ou cinco alunos sentados junto deles. É importante estabelecer limitações de  tempo, pois, nem todos os grupos serão capazes de fornecer feedback em cada exercício. Recomenda-se que o professor faça seleções aleatórias e tente garantir que todos os grupos tenham oportunidade de fornecer feedback, pelo menos uma vez, durante a sessão. Se o tempo permitir, o professor pode facilitar uma discussão em plenário, após cada grupo ter dado o seu feedback

Todos os exercícios desta seção são apropriados para estudantes de graduação e pós-graduação. No entanto, como o conhecimento prévio e a exposição desses alunos a essas questões varia amplamente, as decisões sobre a adequação dos exercícios devem ser baseadas em seu contexto educacional e social. O professor deve relacionar e ligar cada exercício às principais questões do Módulo. 

Exercício 1: Valores pessoais

Veja este vídeo

Reveja a lista  de valores pessoais do site mindtools: Pense nos valores e na moral do contexto em que vive. Liste suas dez principais regras éticas pessoais. 

Diretrizes para o professor

O vídeo é auto-explicativo e fornece orientações claras e práticas, sobre como realizar o exercício. O professor pode exibir o vídeo e, em seguida, dar tempo, em sala de aula, para os alunos desenvolverem a lista. Se o tempo permitir, eles podem ler o artigo e discuti-lo em pequenos grupos. 

Exercício 2: Situação do naufrágio

Este é um caso clássico na teoria da ética. Dê as seguintes informações aos alunos: imagine que você está envolvido em uma situação de naufrágio – um navio  começou a afundar no meio do oceano. Onze pessoas entraram em um bote salva-vidas, projetado para um máximo de dez pessoas, e o bote salva-vidas começa a afundar. O que os passageiros devem fazer?  Empurrar uma pessoa ao mar e salvar dez vidas? Ou manter o princípio de "não matar", o que significa que todos se irão afogar? O palestrante pode convidar os alunos a darem as suas contribuições e, até mesmo, a votar e, em seguida, ilustrar como as diferentes abordagens teóricas (por exemplo, o utilitarismo e a deontologia) levarão a diferentes soluções que são válidas consoante a abordagem adoptada. 

Diretrizes para o professor

Este exercício pode ser usado em diferentes contextos, seja para preceder uma apresentação sobre teorias éticas, ou enquanto um exercício no qual os alunos podem aplicar conhecimentos recém-adquiridos sobre tais teorias. O uso mais eficaz é provavelmente fazer o exercício prévio à discussão detalhada das teorias éticas. Isso levará a uma discussão e debate animados; e o professor pode ilustrar o debate, demonstrando como nossos processos de tomada de decisão podem ser explicados por teorias éticas. O professor pode, então, revisitar o exemplo, para depois, através de uma abordagem mais formal, indicar, com clareza, quais as soluções específicas que as diferentes teorias oferecem. 

Exercício 3: Estudo de caso (Bebê Theresa)

Este caso, completo, está incluído em Os Elementos da Filosofia Moral  (Rachels e Rachels, 2012). 

Resumo: A bebê Theresa nasceu na Flórida (Estados Unidos da América), em 1992, com anencefalia, uma das piores doenças genéticas. Às vezes chamados de "bebês sem cérebro", bebês com essa doença nascem sem partes importantes do cérebro, assim como o topo do crânio. A maioria dos casos é detectada durante a gravidez e, geralmente, conduz à realização de um aborto. Cerca de metade dos que não abortaram são natimortos. Nos Estados Unidos, cerca de 350 bebês nascem vivos, por ano, e geralmente morrem em poucos dias. A bebê Theresa nasceu viva. Os pais decidiram doar os órgãos dela para transplante. Seus pais e seus médicos concordaram que os órgãos deveriam ser removidos enquanto ela estava viva (fazendo com que sua morte inevitável ocorresse mais cedo), mas isso não foi permitido pela lei da Flórida. Quando ela morreu, depois de nove dias, os órgãos deterioraram-se demais e não puderam ser usados. 

Diretrizes para o professor

O palestrante facilita uma discussão em grupo, colocando uma ou mais das seguintes perguntas: 

  • Como podemos valorizar a vida humana?
  • O que se deve fazer quando há um conflito entre a lei e a própria posição moral sobre um assunto?
  • Se você estivesse em posição de tomar a decisão final neste caso, o que decidiria e por quê? 

Como variação, os alunos podem ser convidados a assumir diferentes funções, atuando, por exemplo, como pais, médicos ou legisladores, durante um debate de classe. 

Exercício 4: Estudo de caso

O caso e as perguntas, de autoria de Akshay Vyas, aparecem no site do Centro Markkula de Ética Aplicada da Universidade de Santa Clara.

O Caso

Robert está no time de beisebol de uma pequena faculdade no Texas. Ele é um jogador de alto nível e, por isso, tem muitos seguidores no Twitter e uma grande rede no Facebook. Por essa razão, os membros do conselho atlético de sua faculdade acham necessário monitorar suas contas nas redes sociais. No Texas, não existe uma lei que impeça as escolas de exigir que os indivíduos desistam de suas informações pessoais de login e senha de redes sociais. Robert, então, é forçado a entregar suas informações de conta das redes sociais. Os funcionários da universidade dizem que a intenção da monitorização é para identificar possíveis comportamentos indevidos, no início das manifestações, o que permitiria que os  departamentos atléticos podessem adotar providências para educar os atletas sobre como devem proceder nas redes sociais. Eles passam a verificar, regularmente, o que Robert posta e sinalizam certas postagens com as quais eles têm problemas. Certo dia, Robert twittou "Faltando aula para quebrar #schoolsucks #bettercallsaul #breakingbad ruins." Como Robert admitiu, nessa mensagem, publicamente, ter faltado às aulas, funcionários da escola sinalizaram o post e decidiram começar a monitorar, também, a conta de e-mail de Robert, sem o informarem. Uma vez que a escola fornece uma conta de e-mail, como um serviço, para seus alunos e professores, ela entende ter o direito de pesquisar os dados armazenados em seu próprio sistema. De acordo com o manual estudantil da faculdade, os administradores podem acessar contas de e-mail de estudantes, com a finalidade de proteger o sistema ou "para garantir o cumprimento de outras regras da Universidade". O manual, contudo, não menciona se os titulares das contas devem ou não ser notificados de que seus e-mails estão sendo pesquisados. Ao pesquisar a conta de e-mail de Robert, funcionários da universidade encontram vários e-mails “questionáveis”, entre Robert e seu tutor. Nessas mensagens, existiam indícios de que o tutor de Robert tinha enviado a ele todas as respostas para tarefas de casa e testes. Como resultado da investigação, Robert foi colocado em liberdade condicional atlética e seu tutor foi demitido. 

Diretrizes para o professor

O palestrante facilita uma discussão em grupo, colocando uma ou mais das seguintes perguntas: 

  • As universidades devem ser autorizadas a monitorar e-mails de estudantes e contas de mídia social? Se sim, em que circunstâncias?
  • O que ultrapassa a linha entre a segurança do campus e a invasão de privacidade?
  • As regras da universidade sobre e-mail e monitoramento de das redes sociais são muito vagas? Se sim, como essas regras podem ser alteradas de forma a serem mais claras?

Robert deveria ter sido punido por burla na escola, se não soubesse que seu e-mail estava sendo monitorado? E o tutor dele? 

Como variação, os alunos podem ser convidados a assumir diferentes funções, atuando durante o debate, por exemplo, como Robert, seu tutor e funcionários da universidade. 

Exercício 5: Estudo de caso (A Parábola do Sadhu)

O resumo a seguir está disponível aqui

Em 1982, Bowen McCoy passou vários meses caminhando pelo Nepal. No meio da difícil caminhada, enquanto ele e vários outros se preparavam para alcançar o ponto mais alto de sua escalada, eles encontraram o corpo de um homem santo indiano, ou sadhu. Vestindo pouca roupa e tremendo no frio amargo, ele mal estava vivo. McCoy e os outros viajantes – que incluíam indivíduos do Japão, Nova Zelândia e Suíça, bem como guias e carregadores locais do Nepal – imediatamente o envolveram em roupas quentes e lhe deram comida e bebida. Alguns membros do grupo separaram-se, para ajudar a mover o sadhu para baixo em direção a uma aldeia, a dois dias de distância; no entanto, eles logo o deixaram, para continuar seu caminho até a encosta. O que aconteceu com o sadhu? Em seu comentário retrospectivo, McCoy observa que nunca encontrou a resposta para essa pergunta. Em vez disso, a história do sadhu só levanta mais questões. Na encosta dos Himalaias, o grupo de indivíduos não estava preparado para um dilema repentino. Todos eles "fizeram a sua parte", mas o grupo não estava organizado o suficiente para assumir a responsabilidade final por uma vida. Como, pergunta McCoy, em um contexto mais amplo, preparamos nossas organizações e instituições para que elas respondam adequadamente a crises éticas? 

O estudo  completo de caso  está disponível aqui

Diretrizes para o professor

O professor facilita uma discussão em grupo, colocando uma ou mais das seguintes perguntas: 

  • Você pode identificar as questões éticas neste caso?
  • Se você estivesse na posição dos viajantes, como você responderia?
  • Qual é a relevância desse caso na sociedade contemporânea?
 
Seguinte: Exemplo de Estrutura de Aula
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