UNODC promove intercâmbio técnico entre Brasil e Peru sobre crimes florestais

Representantes do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre (SERFOR), da Autoridade Portuária Nacional (APN) e do UNODC do Peru

Brasília, 4 de novembro de 2024 - Entre os dias 22 e 24 de outubro, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no Brasil, por meio do Programa de Crimes Florestais e Comércio Ilícito de Madeira (LEAP), reuniu, em Manaus (AM) e Brasília (DF), representantes do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre (SERFOR), da Autoridade Portuária Nacional (APN) e do UNODC do Peru para um intercâmbio técnico com instituições brasileiras. O objetivo principal do encontro foi de promover uma troca de informações, desafios e melhores práticas sobre os crimes florestais, especialmente os que que afetam a região fronteiriça entre o país peruano e os estados brasileiros do Amazonas e Acre.

Em Manaus, a comitiva peruana participou de um workshop sobre tráfico de madeira, promovido pela Receita Federal, e trocou experiências com profissionais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) sobre fiscalização de cargas madeireiras e novas rotas de madeira ilegais entre Brasil e Peru.

A delegação peruana, juntamente com agentes do Ibama e da Receita Federal, participou de uma mentoria teórico-prática promovida pelo UNODC Brasil sobre inspeção de contêiners no Porto Super Terminais e visitou a unidade do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) em Manaus para conhecer os métodos e tecnologias de mapeamento de áreas desmatadas.

Já em Brasília, os representantes peruanos visitaram as instalações do Ibama, do CENSIPAM e do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal e puderam aprofundar os conhecimentos sobre os sistemas de monitoramento de desmatamento e de outros crimes ambientais utilizados por esses órgãos, bem como a legislação brasileira e procedimentos para comercialização de espécies madeireiras no Brasil.

Para Ana Luisa Valenzuela, diretora de Controle e Gestão de Patrimônio Florestal e de Fauna da SERFOR, uma das agentes que integraram a comitiva, as informações adquiridas a partir do intercâmbio promovido pelo UNODC no Brasil servirão de exemplo para a implementação de novas ações de fiscalização e enfrentamento de crimes ambientais no Peru.

“Nossa visita ao Brasil foi muito produtiva, uma vez que compartilhamos experiências com instituições que possuem as mesmas funções que nós. Dessa forma, podemos melhorar nossas ações aplicando o que vimos aqui em nosso país”, ressaltou.

A iniciativa do UNODC permitiu identificar os desafios em comum de cada país relacionados ao enfrentamento de crimes ambientais, considerando que grande parte do Peru faz fronteira com o Brasil. Um dos desafios debatidos foi o novo cenário internacional de comercialização de madeira e tráfico de madeira ilícita que poderá surgir após a abertura do porto marítimo de Chancay. Previsto para inaugurar em novembro, este porto está localizado aproximadamente a 70 km de Lima, capital do Peru, encurtando em um terço o tempo médio que os produtos brasileiros, e da América Latina em geral, levam para alcançar o Oriente.

LEAP – O programa apoia países da América Latina e do Sudeste Asiático a identificar atividades ilícitas ao longo da cadeia de custódia da madeira e a prevenir, detectar e desmantelar redes criminosas globais envolvidas em crimes florestais. O LEAP tem foco em operações e investigações transnacionais, treinamentos teóricos e práticos, cooperação entre agências e especialização técnica em aplicação da lei. Na América Latina, o programa atua, principalmente, em seis portos do Brasil (Belém-PA, Itajaí-SC, Manaus-AM, Paranaguá-PR, Porto Velho-RO e Santos-SP), além de outros portos na Colômbia e no Peru.

O Programa LEAP, fruto de uma parceria entre a INTERPOL e várias áreas estratégicas do UNODC, incluindo o Programa de Controle de Contêineres (CCP), o Programa Global contra Lavagem de Dinheiro (GPML) e o Programa Global de Combate ao Crime Marítimo (GMCP), é apoiado pela Iniciativa Internacional da Noruega para o Clima e as Florestas (NICFI).