Rio de Janeiro, 4 de dezembro de 2023 – Com o objetivo de compartilhar experiências nacionais e internacionais e avançar no aprimoramento de técnicas de campo de identificação de madeira para enfrentar crimes florestais, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) promoveu workshop regional no Jardim Botânico da cidade do Rio de Janeiro (RJ), entre os dias 28 e 30 de novembro, reunindo representantes de institutos públicos de pesquisa, da academia e instituições atuantes na aplicação da lei ambiental.
A atividade foi realizada no âmbito do projeto ECOS – Cooperação Regional para Enfrentar Crimes Ambientais, uma parceria entre o UNODC e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), com o apoio do Laboratório de Produtos Florestais, do Serviço Florestal Brasileiro (LPF/SFB), do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e do Centro de Inovação Tecnológica de Itapeva (CITI), vinculado à Universidade Estadual Paulista (Unesp).
No workshop foram apresentados os resultados da consultoria realizada pelo UNODC para a criação de bancos de dados de imagens e espectros no infravermelho próximo de 15 espécies de madeira nativa intensamente exploradas pelo comércio ou listadas nos anexos da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagens em Perigo de Extinção (CITES). Entre as espécies selecionadas estão jatobá, cedro, ipê-amarelo, maçaranduba, itaúba e mogno.
As imagens e dados coletados serão utilizados para aprimorar algoritmos usados na identificação de madeira, a fim de viabilizar a construção de uma ferramenta mais eficaz para utilização em campo por agentes de aplicação da lei e fiscalização ambiental. O objetivo desta ferramenta é fortalecer a resposta dessas instituições à exploração ilegal de madeira, além de contribuir para a construção de provas mais robustas para investigações criminais relacionadas a crimes ambientais.
Na abertura do evento, Natália Milanezi, coordenadora do projeto ECOS, Fernando Gouveia, coordenador do LPF/SFB, e Leonardo Salgado, diretor de Pesquisa Científica do JBRJ, destacaram a importância do trabalho interinstitucional para somar esforços no desenvolvimento de tecnologias de identificação mais eficazes e que possam ser aplicadas no campo.
Ações desenvolvidas
Durante a programação, as instituições envolvidas na iniciativa puderam apresentar o trabalho que desenvolvem na área. O LPF/SFB apresentou as diferentes técnicas de identificação apoiadas, sendo elas a identificação por imagem e a identificação por espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS). O JBJR fez uma exposição sobre as iniciativas de pesquisa da instituição, e o CITI/Unesp apresentou a metodologia que será aplicada no aprimoramento dos algoritmos.
As xilotecas da Embrapa Amazônia Oriental, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e do Museu Paraense Emilio Goeldi, que forneceram amostras utilizadas na consultoria para a criação do banco de dados, também tiveram espaço para apresentar o trabalho que desenvolvem.
Além das instituições nacionais, representantes do Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre (SERFOR) e do Centro de Inovação Produtiva e Transferência Tecnológica da Madeira (CITEmadera), do Peru, do Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da Colômbia, e do Instituto Nacional de Biodiversidade (INABIO), do Equador, também estiveram presentes e apresentaram as iniciativas de suas instituições no tema, trocando experiências e mapeando possibilidades de cooperação com o Brasil.
Estiveram presentes representantes do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal (INC/PF), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Universidade de Brasília (UnB), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS). Além das apresentações, os participantes puderam acompanhar uma demonstração prática das técnicas de coleta de dados e imagens empregadas na consultoria e realizaram uma visita técnica à xiloteca e outras instalações do JBRJ.
A partir do intercâmbio de informações e recursos para melhoria dos processos alcançados no workshop, o grupo de trabalho interinstitucional seguirá com o aprimoramento dos algoritmos, a ser conduzido por pesquisadores do CITI/Unesp e pesquisadores associados ao LPF/SFB.
Para saber mais sobre o trabalho do UNODC na temática de crimes que afetam o meio ambiente, acesse aqui, e para as publicações do UNODC na temática, acesse aqui.