Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2022 -Nos dias 26 e 27 de setembro, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), apoiados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD) reuniram lideranças femininas latino-americanas no Rio de Janeiro (RJ) para discutir e criar uma série de recomendações para que os países incluam as necessidades das mulheres que fazem uso de drogas para as políticas públicas nacionais. |
“As mulheres correspondem a 20% da estimativa das pessoas que usam drogas no mundo. Elas estão mais vulneráveis a adquirir HIV e outras infecções virais devido à violência baseada em gênero, ao estigma e à discriminação. A prevalência de violência baseada em gênero em mulheres que usam drogas é de duas a cinco vezes maior que a prevalência entre mulheres que não usam drogas”, destaca Elena Abbati, representante do UNODC no Brasil.
O encontro é uma ampliação da Reunião Nacional sobre Prevenção Combinada do HIV e linhas de cuidado para mulheres que fazem uso de drogas, que aconteceu em Santos (SP), em julho de 2022, que reuniu representantes da gestão pública, da academia e da sociedade civil, além de organizações internacionais e da comunidade geral.
“Se a gente discutir redução de danos, autonomia e qualidade de vida num sentido de cidadania, isso nos coloca de uma maneira mais potente para trabalhar nos territórios e nos movimentos sociais”, ressalta Adriana Castro, Coordenadora de Promoção da Saúde da Vice-presidência de Meio Ambiente, Cuidados, e Promoação da Saúde da Fiocruz.
No Brasil, segundo os dados do Boletim Epidemiológico para HIV/AIDS de 2021, os casos de AIDS são prevalentes em mulheres negras, assim como as mortes relacionadas à AIDS. Em 2010, 45,4% das mulheres que morreram por doenças relacionadas à AIDS eram brancas, número que foi reduzido para 36,4% em 2020. Já entre as mulheres negras, a realidade não é a mesma. Em 2010, 54,1% das mortes de mulheres relacionadas à AIDS foram entre mulheres pretas. Em 2020, esse número aumentou para quase 63%.
“Esse aumento é um sinal que, apesar de termos muitas conquistas relacionadas a prevenção de novos casos e redução da mortalidade relacionada à AIDS de forma geral, ainda existe um grupo de mulheres que precisam urgentemente de políticas para que continuem vivas” finaliza Claudia Velasquez, diretora e representante do UNAIDS no Brasil.
O Encontro Nacional sobre Prevenção Combinada do HIV e linhas de cuidados para mulheres que fazem uso de drogas reuniu representantes do Brasil (Centro de Convivência É de Lei, Escola Livre de Redução de Danos, Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas), Uruguai (Coletivo Mizangas), Colômbia (Corporación Viviendo), Argentina (Intercambios) e representantes de Honduras, Guatamela, Costa Rica e Argentina da Rede Latino-Americana de Pessoas que Usam Drogas.
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