CCPCJ: UNODC Brasil discute tráfico de pessoas e condições de trabalho em garimpos da Amazônia na sede da ONU em Viena

Viena (Áustria), 17 de maio de 2024 – Tráfico de pessoas, trabalho escravo e condições de trabalho em garimpos de ouro na Amazônia Brasileira foram temas de discussão em eventos e exposição fotográfica na 33ª Convenção de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal (CCPCJ), em Viena, Áustria, entre os dias 13 e 17 de maio. 

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) no Brasil apresentou a temática na sede global do UNODC por meio do Projeto Tapajós – uma iniciativa que visa, por meio de pesquisas e implementação baseada em evidências, à redução e à prevenção de trabalho escravo e tráfico de pessoas nos garimpos da bacia do rio Tapajós, no Pará.

Na programação da CCPCJ, o Projeto Tapajós organizou uma exposição fotográfica com histórias de vida nos garimpos da Amazônia e apresentou, em side event do setor de pesquisa e inovação (RAB) do UNODC, os resultados de pesquisa inovadora que calculou a prevalência de tráfico de pessoas entre garimpeiros da região – cerca de 40% são potenciais vítimas deste crime.

Exposição fotográfica – A exposição fotográfica “Retratos de vida e de trabalho no garimpo de ouro na Amazônia e a ameaça do tráfico de pessoas”, do UNODC Brasil, ficou instalada no salão central do Vienna International Center (VIC), sede da ONU em Viena, ao longo dos cinco dias de programação da CCPCJ.

As 16 fotos em exibição – de autoria do antropólogo e pesquisador Carlos Bandeira Jr. – retratam as condições de trabalho nos garimpos de ouro da bacia do rio Tapajós, no Pará, com foco nas histórias de homens e mulheres ligados à atividade. A exposição mostra como se dá a exploração de ouro no coração da Amazônia ao lado de retratos de trabalhadoras e trabalhadores que passam a vida em um contexto de vulnerabilidade, informalidade e isolamento.

“A exposição fotográfica busca promover a reflexão sobre as múltiplas facetas de trabalhadores e trabalhadoras dos garimpos, pessoas frequentemente estigmatizadas e criminalizadas”, afirmou a diretora do UNODC Brasil, Elena Abbati, na cerimônia de abertura da exposição. “Com as fotos, temos a oportunidade de conhecer histórias únicas de migração, servidão por dívida, problemas de saúde e outras dificuldades em um cenário de sonho persistente de ouro e prosperidade”.

“Nesse sentido, a exibição busca confirmar o compromisso do UNODC em apoiar um modelo de desenvolvimento local baseado na resiliência comunitária, que valorize a qualidade de vida com foco na defesa dos direitos humanos e promova ambientes saudáveis ​​e justiça social na Amazônia”, concluiu.

O diplomata César Bonamigo, da Embaixada do Brasil em Viena, e Marina Bernardes, coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), também fizeram discursos na cerimônia de abertura. Uma das histórias de vida retratadas na exposição foi lida aos convidados.

O fotógrafo Carlos Bandeira Jr., autor das imagens, é antropólogo e documentarista natural de Santarém, Pará. Um dos maiores especialistas em mineração de ouro na bacia do rio Tapajós, concluiu seu doutorado, na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em 2023. Filho de um garimpeiro que se tornou fotógrafo profissional, sua pesquisa apresenta uma perspectiva etnográfica sobre a vida e as dificuldades de homens e mulheres que trabalham em regiões de garimpo.

O catálogo fotográfico da exposição “Retratos de vida e de trabalho no garimpo de ouro na Amazônia e a ameaça do tráfico de pessoas” está disponível em versões português e inglês.

Side event – Além da exposição fotográfica, o Projeto Tapajós fez uma apresentação no side event “Qual é o verdadeiro número de vítimas de tráfico de pessoas e por que isto é importante? Visão geral da pesquisa em prevalência do tráfico realizada pelo UNODC e seus parceiros”, organizado pelo setor de pesquisa e inovação (RAB) do UNODC. O MJSP, parte da delegação brasileira na CCPCJ, também participou do side event.

No painel, o Tapajós apresentou os resultados de sua pesquisa de prevalência de tráfico de pessoas e trabalho escravo em garimpos de ouro na Amazônia. Por sua vez, o MJSP ressaltou a importância de iniciativas como o Tapajós, cujas evidências ajudam a subsidiar a políticas públicas como IV Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas – ao qual o UNODC presta apoio técnico.

Projeto Tapajós – Tapajós é um projeto implementado desde 2021 pelo UNODC Brasil, no âmbito do seu mandato de assistência aos países na aplicação do Protocolo da ONU sobre Tráfico de Pessoas, com financiamento do Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas do Departamento de Estado dos Estados Unidos (JTIP/PEMS).

A fase I do projeto (2021-23) teve como objetivo desenvolver uma melhor compreensão sobre a prevalência de tráfico de pessoas e trabalho escravo no setor do garimpo de ouro na bacia do rio Tapajós, Pará. A fase II (2023-25) prevê a implementação de intervenções baseadas em evidências – e coproduzidas com parceiros locais – para reduzir e prevenir esses crimes na região, incluindo a promoção de iniciativas de desenvolvimento alternativo.

Saiba mais sobre o trabalho do UNODC na temática aqui

 

 

Saiba mais: http://www.agenda2030.com.br/

Todas as notícias