Estudo do UNODC lança luz sobre o crime oculto de tráfico de armas de fogo 

Viena (Áustria), 15 de Julho de 2020 - As pistolas são o tipo de arma de fogo mais apreendido do mundo, representando cerca de 39% do número total de armas de fogo apreendidas em todo o mundo, enquanto quase todos os fluxos de tráfico inter-regional de armas de fogo podem ser rastreados até a América do Norte, a Europa e a Ásia Ocidental. Como as armas de fogo estão frequentemente envolvidas em violência, sobretudo em homicídios, elas são também uma grande preocupação de segurança humana.

O Global Study on Firearms Trafficking 2020 (Estudo Global sobre o Tráfico de Armas de Fogo 2020) compila os dados mais abrangentes sobre o tráfico de armas de fogo até a atualidade e foi publicado, nesta quarta-feira (15) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Trata-se de uma fonte vital para a aplicação da lei e para os formuladores de políticas para reduzir os danos causados pela circulação ilícita de armas de fogo.

"O estudo global se concentra no grave, e muitas vezes encoberto, problema do tráfico de armas de fogo, que constitui uma grave ameaça à vida humana e à segurança internacional, e que serve como um capacitador e multiplicador da violência e do crime em todas as partes do mundo", disse a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly.

"Ao lançar luz sobre os desafios e sobre a origem e as rotas do tráfico de armas de fogo, o estudo pode apoiar os governos no fortalecimento da aplicação da lei e das respostas da justiça criminal para detectar e interromper os fluxos ilícitos, desmantelar as organizações responsáveis e redes criminosas e levar os criminosos à justiça".

O tráfico de armas de fogo continua sendo um fenômeno largamente invisível, que só surge quando as armas traficadas são utilizadas em outro crime, diz o estudo. Em média, cerca de ⅔ das apreensões de armas de fogo foram realizadas com base no motivo legal da posse ilícita. Porém, informações adicionais relacionadas às armas de fogo apreendidas e os resultados do rastreamento sugerem que uma parte considerável delas pode ter sido traficada ilicitamente para o país antes da sua apreensão. Apenas cerca de metade das armas conhecidas ou suspeitas de terem sido traficadas, foram apreendidas com base na justificativa legal do tráfico.

Tendências regionais

De acordo com dados recebidos de 81 países, cerca de 550 mil armas de fogo foram apreendidas em 2016 e 2017, sendo as pistolas as mais traficadas. Isso pode ser explicado pelo elevado número de respostas recebidas das Américas, onde as pistolas representaram, em média, mais da metade de todas as apreensões.

Na África e na Ásia, as espingardas foram os tipos de armas de fogo mais proeminentes apreendidos (38% e 37%, respectivamente), as espingardas lideravam na Oceania (71%), enquanto a Europa parece ser a mais heterogênea em termos de apreensões (pistolas, 35%, espingardas 27% e espingardas de caça 22%, respectivamente).

O Estudo aponta a relação entre o número de homicídios e a posse de armas de fogo. Globalmente, 54% dos homicídios são realizados com uma arma de fogo. Enquanto as armas de fogo desempenham um papel significativo nos homicídios relacionados a quadrilhas ou crimes organizados, elas são muito menos evidentes nos homicídios envolvendo parceiros ou membros da família.

Além disso, países com níveis mais elevados de morte violenta e homicídios, sobretudo na África, na América Latina e no Caribe, tendem a apreender uma porcentagem maior de armas de fogo ligadas a crimes violentos, enquanto na Europa o tráfico de drogas é o mais predominante entre as outras formas de crime ligadas a armas de fogo ilícitas.

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