UNODC coordena atividade sobre violência de gênero em ambientes universitários no 12 o Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Brasília, 22 de agosto de 2018 - O UNODC coordenou, nesta quarta-feira (22), em Brasília (DF), a roda de conversas "Violência de Gênero em ambientes universitários", durante o 12º Encontro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A atividade, que foi realizada em parceria com o Instituto Caixa Seguradora, reuniu jovens do gênero feminino de Brasília (DF) e Salvador (BA) para discutirem práticas de violência física, verbal e emocional vivenciadas por mulheres em ambientes universitários.
Mafoane Odara, coordenadora de Enfrentamento à Violência Contra Mulheres do Instituto Avon, mediou a atividade. Participaram como facilitadoras a professora Haydée Caruso, da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora na área de Segurança Pública, Amanda Bezerra, estudante de Pedagogia da mesma universidade, e Joyce Melo, estudante de Comunicação da Faculdade UniJorge, em Salvador. Ambas as estudantes são participantes da rede de jovens do Programa Embaixadores da Juventude, iniciativa do UNODC para capacitar lideranças jovens dentro do contexto da Agenda 2030.
Temas como violência psicológica contra mulheres, segurança dentro e fora das universidades e culturas institucionais patriarcais foram abordados durante a atividade. A questão de saúde mental entre mulheres também foi destaque. Segundo Amanda Bezerra, uma das fundadoras do coletivo feminista "Não Me Calo", "a violência física e sexual contra mulheres somente reflete constrangimentos exercidos rotineiramente por professores e alunos do gênero masculino", comentou.
A relação entre estudantes e polícia foi amplamente debatida pelas facilitadoras e pelo público. As participantes destacaram a desconfiança em recorrer a unidades policiais em caso de violência física, em razão do baixo contingente de policiais do gênero feminino, tanto em patrulha como em delegacias. Além disso, estruturas físicas precárias, como falta de iluminação e transporte coletivo, fortalecem a cultura do medo e da agressão, segregando o público feminino de participar de atividades ou utilizar espaços públicos, como bibliotecas universitárias, durante a noite.
Em entrevista, Mafoane Odara destacou o papel dos coletivos estudantis como ferramentas inovadoras de prevenção e proteção à violência contra mulheres dentro de ambientes universitários. "Coletivos estudantis têm sido fundamentais no cuidado, no acolhimento das mulheres que sofrem violência, e têm feito provocações importantes para que a estrutura se reveja, desde a estrutura física até a estrutura simbólica, que é criar espaços onde as mulheres possam ascender e ocupar lugares para falar sobre as diversas formas de violência que elas sofrem", afirmou.
O Instituto Avon conduziu uma pesquisa em 2015 com dados alarmantes sobre a temática. No estudo realizado com aproximadamente 2.000 estudantes do ensino superior de todo o País (60% do grupo composto por mulheres), significativa parte das entrevistadas afirmou ter sentido medo de ser vítima de violência em ambientes universitários (42%), ter sido desqualificada intelectualmente por ser mulher (49%) ou conhecer colegas que o foram (62%). De forma alarmante, 63% das entrevistadas, vítimas de algum tipo de violência dentro do espaço universitário, admitiram não ter reagido.