UNODC reúne jovens em Brasília para discutir violência, criminalidade e uso de drogas
Brasília, 17 de maio de 2017 - O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em parceria com a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do Distrito Federal, promoveu na segunda-feira (16) em Brasília o evento Diálogos da Juventude, que reuniu crianças e adolescentes de 11 a 17 anos em Brasília (DF) para compartilhar opiniões e experiências pessoais com relação a violência, criminalidade e drogas.
A atividade faz parte do programa "Vamos Nessa" (Line Up, Live Up, na versão em inglês), iniciativa global do UNODC para a prevenção da violência e da criminalidade entre jovens por meio da prática esportiva.
O programa tem como objetivo reforçar a resiliência entre jovens em situação de risco, além de atuar como uma plataforma para desenvolver habilidades para a vida no sentido de estimular comportamentos positivos. A iniciativa também aborda vulnerabilidades ligadas à violência, ao crime e ao consumo de drogas, envolvendo comunidades locais e trabalhando em centros esportivos e escolas.
As sessões de prevenção estão sendo implementadas em 11 centros olímpicos do Distrito Federal, e buscam inicialmente atingir 800 jovens.
Durante o debate de segunda-feira, foi destacado o papel transformador do esporte na vida de crianças e adolescentes, além do incentivo aos objetivos de vida e fortalecimento de habilidades sociais.
Os jovens destacaram como a prática esportiva promove a quebra de estereótipos e preconceitos reforçados socialmente. Segundo Laura de Morais, de 11 anos, "a sociedade seria mais atrativa se as pessoas fossem abertas a mudar seus pontos de vista [com relação a estereótipos]".
A praticante de futsal e natação no Centro Olímpico de Brazlândia continuou: "ainda há muito preconceito contra mulheres no futebol". "A ideia de que mulher não deve ou não sabe (jogar) ainda é muito forte, embora eu tenha observado mudanças nesse sentido".
Micaele Nascimento, de 14 anos, complementou: "foi necessário ter intervenção (da coordenação do centro olímpico) para que meninas pudessem participar (de atividades de futsal)". "Hoje em dia, nós temos papel de destaque nos jogos e somos disputadas pelas equipes".
O papel da escola e da família também foi levantado pelos participantes durante a roda de conversa. Eles destacaram a importância do autoconhecimento e da capacidade de pedir ajuda para identificar e se afastar de influências desviantes.
Foi observado por um dos jovens que o ambiente escolar se torna propício à exposição a comportamentos desviantes e ao uso de drogas em razão da diversidade observada no ambiente. Entretanto, segundo ele, tanto a família quanto os esportes têm papel fundamental para minimizar os efeitos de tal exposição.
A metodologia do "Vamos Nessa" foi amplamente elogiada pelos participantes, que afirmaram identificar, no cotidiano, experiências relacionadas com as sessões executadas até então.
Segundo eles, é possível observar mudanças positivas de comportamento entre os alunos envolvidos no programa, tanto individualmente como em equipe. Para Allan Santos, 14 e praticante de futsal, a turma ficou mais atenciosa e unida. "Conflitos entre nós diminuíram e até a professora mudou: ela está mais tranquila".
A prevenção da criminalidade juvenil por meio de programas esportivos e de treinamentos em habilidades para a vida constitui um dos pilares do programa global do UNODC, lançado no contexto 13º Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime Justiça Criminal, realizado no Qatar em 2015.
A iniciativa também é inspirada na Declaração de Doha, documento acordado pelos Estados-membros da agência que inclui, entre outras recomendações, a prevenção do crime juvenil através da prática de atividades esportivas.
O programa global, de quatro anos, tem como objetivo prestar suporte aos Estados-membros a alcançarem impactos positivos e sustentáveis na prevenção ao crime, apoiar a justiça criminal, o Estado de direito e a prevenção à corrupção.
A metodologia do "Vamos Nessa" está sendo aplicada pela primeira vez no mundo, e o Distrito Federal foi escolhido como região-piloto, em parceria com o Governo do Distrito Federal e as Secretarias de Esporte, Turismo e Lazer (SETUL) e de Segurança Pública e da Paz Social (SSP). As sessões de habilidades para a vida do programa têm sido implementadas em Centros Olímpicos e Paralímpicos da região, espaços coordenados pela SETUL que oferecem, prioritariamente a crianças e adolescentes, atividades sócio-recreativas, esportivas e de lazer.
As atividades do programa também serão conduzidas no Rio de Janeiro antes de a metodologia ser levada para outros países, como África do Sul e Quirguistão.