O Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas lembra o quanto ainda precisa ser feito
Viena, 30 de Julho de 2015 - A cada ano, milhões de mulheres, homens e crianças são traficadas por dinheiro. São exploradas sexualmente, forçadas a trabalhar em condições perigosas em casas, fazendas e fábricas no mundo tudo, e são vítimas de outras formas de abuso, como casamento forçado ou remoção de órgãos. Apesar do reconhecimento de que este é um dos crimes que mais exploram o ser humano, ainda há pouca ação contra isso: é necessário que se faça mais para desmantelar as redes de crime organizado atrás do tráfico de pessoas, enquanto que, ao mesmo tempo, é fundamental dar mais assistência às vítimas.
Com este cenário, e com o segundo Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, celebrado hoje, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) incentiva os países a tomarem ações para acabar com a impunidade dos traficantes, e para aumentar o suporte às vítimas.
O mais recente Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do UNODC destaca a real extensão deste crime. Com pelo menos 152 países de origem e 124 países de destino afetados pelo tráfico de pessoas e com mais de 510 fluxos através do mundo, nenhum país está imune. Combinado a isso, as parcelas mais vulneráveis da população parecem estar aumentando, e se tornam alvo dos responsáveis por este crime: 33% das vítimas identificadas são crianças, um crescimento de 5% em relação ao período de 2007-2010. As meninas representam duas de cada três crianças vítimas do tráfico. Junto com as mulheres adultas, representam 70% das pessoas traficadas em todo o mundo.
O Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas, especialmente mulheres e crianças, sob a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Internacional, implementado uma década atrás, representa um grande passo para enfrentar este crime. Pela primeira vez, este instrumento internacional trata de todos os atos de tráfico de seres humanos, incluindo exploração sexual, trabalho forçado, remoção de órgãos, servidão doméstica e outras práticas similares.
Apesar disso e de outros progressos encorajadores, a legislação de alguns países nem sempre está de acordo com o Protocolo e falha em cobrir todas as formas de tráfico e suas vítimas deixando milhões de pessoas desprotegidas e vulneráveis. Em algumas áreas, isso resulta em níveis baixíssimos de alguma ação contra os traficantes. No período coberto pelo Relatório Global, 40% dos países reportaram menos de 10 condenações ao ano, enquanto que 15% não tiveram nenhuma condenação.
"Isso demonstra um grau de impunidade que é inaceitável e destaca o fato de que, no momento, os traficantes estão fugindo com seus crimes", disse Yury Fedotov, Diretor Executivo do UNODC. "O mundo está enfrentando desafios muito graves, e nossos recursos estão diminuindo. Mas não podemos permitir que criminosos inescrupulosos explorem essa crise para tirar vantagem do desespero e sofrimento das pessoas. "
Há uma urgência igual em prover serviços de suporte para aqueles diretamente afetados pelos traficantes.
O Secretário Geral Ban Ki-moon, em sua declaração para o Dia Mundial, pediu apoio para o Fundo Voluntário Fiduciário das Nações Unidas para as Vítimas de Tráfico de Pessoas. É um mecanismo que trabalha com ONGs de todo o mundo para ajudar os sobreviventes deste crime, provendo abrigo, serviços básicos de saúde, formação profissional e escolar, assim como suporte psicossocial, legal e econômico.
Como parte das campanhas para o Dia Mundial, o Escritório coordena a campanha #douesperança, que pretende conscientizar as pessoas em relação às vítimas e sobreviventes do tráfico. Para saber mais, clique aqui.