Declaração do Diretor Executivo do UNODC sobre o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas - 30 de julho de 2015
"Milhões de mulheres, homens e crianças vulneráveis estão sendo cruelmente explorados - forçados a trabalhar em fábricas, campos e prostíbulos ou mendigando na rua; levados ao combate armado ou casamentos forçados; traficados para que seus órgãos possam ser colhidos e vendidos.
Estamos vivendo em uma época de muitas crises e problemas, como o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, alertou. Temos números recorde de pessoas fugindo de guerras e perseguições e a comunidade internacional está lutando com os desafios da migração massiva no Mediterrâneo, nos Balcãs, no mar de Andaman, na América Latina e na África.
Para os traficantes de seres humanos, essas dificuldades representam oportunidades de negócios.
O mundo está enfrentando muitos desafios graves e os nossos recursos são prejudicados. Mas não podemos permitir que criminosos sem escrúpulos explorem essas crises e tirem proveito do desespero e sofrimento das populações.
Nenhum lugar no mundo está seguro: o mais recente Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime revelou que as vítimas de tráfico identificadas em 124 Estados eram cidadãos de 152 países diferentes.
Mais e mais vítimas detectadas do tráfico são crianças, especialmente meninas com idade inferior a 18 anos.
Durante a última década não houve nenhuma melhoria significativa na resposta global da justiça penal a este crime. No período abrangido pelo Relatório Global, cerca de 40% dos países relataram menos de dez condenações por ano. Cerca de 15% não registrou uma única condenação.
Isso ilustra um nível de impunidade que é inaceitável e destaca o fato de que, no momento, os traficantes estão fugindo com seus crimes.
30 de julho é o Dia Mundial das Nações Unidas contra o Tráfico de Pessoas, estabelecido com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a situação das vítimas de tráfico de pessoas, bem como para promover e proteger seus direitos.
Vamos aproveitar essa oportunidade para dar esperança às vítimas do tráfico, comprometendo-nos a fazer nossa parte e ajudar a acabar com esse crime terrível.
O primeiro passo para tomar medidas está em levar esse crime a sério.
Os governos devem ratificar e implementar efetivamente a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e seu Protocolo sobre o Tráfico, para proteger as vítimas do tráfico, promover a cooperação entre os países e garantir que os traficantes, onde quer que estejam, sejam levados à justiça.
Encorajo a todos a se educarem e a tornarem outras pessoas cientes do problema.
Como consumidores, funcionários e donos de negócios, os cidadãos comuns podem defender medidas para impedir a utilização de trabalho forçado em operações e cadeias de fornecedores e eliminar as práticas de recrutamento abusivas e fraudulentas que podem levar ao tráfico.
Finalmente, incito que governos, empresas e indivíduos apoiem o Fundo Voluntário das Nações Unidas para as Vítimas de Tráfico de Pessoas: www.unodc.org/humantraffickingfund.
Financiado exclusivamente por contribuições voluntárias, o Fundo Fiduciário trabalha com parceiros de ONGs de todo o mundo para identificar mulheres, crianças e homens que foram exploradas pelos traficantes, e dar-lhes a assistência, a proteção e o apoio de que necessitam.
Desde 2011, o Fundo Fiduciário tem ajudado cerca de 2 mil vítimas por ano, fornecendo abrigo, serviços básicos de saúde, de formação profissional e de escolaridade, bem como apoio psicológico, jurídico e econômico.
Junte-se hoje à campanha #douesperança e demonstre sua solidariedade com as vítimas de tráfico de seres humanos: www.unodc.org/endht."
Yury Fedotov,
Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime