UNODC apoia e colabora com consulta virtual do UNAIDS para traçar sua estratégia de 2016-2021
Brasília, 24 de março de 2015 - Quais são os melhores caminhos e estratégias para ganharmos terreno sobre a epidemia de AIDS até 2021? Como acelerar a resposta de forma consistente e duradoura para garantir o fim desta epidemia até 2030? De hoje (23/3) até a próxima sexta-feira (27/3), pessoas de todo o planeta poderão ajudar o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) a encontrar as melhores respostas para traçar este caminho rumo ao fim da epidemia de AIDS. A participação popular na consulta virtual unaidsstrategy2021.org ajudará o UNAIDS a traçar sua estratégia de 2016-2021. O objetivo principal desta consulta é colher o maior número possível de opiniões para o ajuste da estratégia atual, que prevê a Aceleração da Resposta (conhecida em inglês como Fast Track).
A Aceleração da Resposta busca alcançar as Metas de Tratamento 90-90-90 propostas pelo UNAIDS para 2020: 90% de todas as pessoas vivendo com HIV saibam que têm o vírus; 90% das pessoas diagnosticadas com HIV recebam terapia antirretroviral; e 90% das pessoas recebendo tratamento possuam carga viral indetectável e não mais possam transmitir o vírus. As metas preveem também a redução no número de novas infecções com HIV para 500 mil por ano até 2020, bem como a alcance da meta de Zero Discriminação.
O cumprimento destas metas vai exigir grandes esforços de todos os países na intensificação de programas e investimentos em prevenção, tratamento e luta contra a discriminação, assegurando a consolidação de um contexto favorável ao respeito pelos direitos humanos. Isto também significa mudar fundamentalmente a maneira como a resposta apoia as populações-chave e vulneráveis que continuam sendo deixadas para trás - como explorado em profundidade no Relatório Gap do UNAIDS.
"Pela liderança e engajamento de todos os nossos parceiros, estamos construindo uma estratégia voltada para ação com o objetivo de Acelerar a Resposta à AIDS para que ninguém seja deixado para trás.", diz Michel Sidibé, Diretor Executivo do UNAIDS, sobre a construção da nova estratégia. "Esta estratégia nos colocará em um caminho ainda mais preciso rumo ao fim da epidemia de AIDS."
"A participação de todos e todas, incluindo os jovens, é fundamental para alcançarmos as metas de Aceleração da Resposta até 2020 e o fim da epidemia de AIDS até 2030.", diz Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil.
"Acreditamos que essa iniciativa do UNAIDS é bastante relevante, pois permite que parceiros e sociedade civil contribuam com o mandato da agência e, portanto, com o enfrentamento à epidemia. Nesse sentido, como parceiros do UNAIDS e detentores de um mandato que trabalha com HIV, o UNODC, não só apoia, como também, colabora com recomendações importantes que poderão ser consideradas na composição da estratégia do UNAIDS para os próximos anos", afirmou o Representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Rafael Franzini.
A epidemia de HIV entre pessoas que usam drogas injetáveis e não-injetáveis continua crescendo em muitas partes do mundo. No caso do Brasil, por exemplo, o padrão predominante de uso de drogas não é injetável, mas sim o uso de cocaínas fumáveis. Um recente estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), intitulado "Pesquisa Nacional sobre o Uso de Crack - Quem são os usuários de crack e ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais Brasileiras?" revelou que a prevalência da infecção pelo HIV entre usuários de crack e/ou similares é de aproximadamente 5%, quase oito vezes a prevalência de HIV estimada para a população geral brasileira. Isso demonstra a importância de levar em conta esta população no enfrentamento da epidemia.
O acesso ao teste de HIV e a terapia antirretroviral ainda são desproporcionalmente baixos para proteger efetivamente a saúde e evitar a morte de pessoas que usam drogas e vivem com HIV. Nesse contexto, o estigma, a discriminação, as leis punitivas, as práticas políticas inadequadas, a exclusão do sistema público de saúde, o tratamento compulsório e o encarceramento em massa constituem as principais barreiras para que pessoas que usam drogas possam acessar serviços de HIV, e para que profissionais de saúde possam oferecer serviços de redução de danos baseados em evidências. Além disso, mulheres que usam drogas enfrentam também uma série de barreiras específicas de gênero, aumentando os seus próprios riscos e os de seus filhos de contrair o HIV.
Além das pessoas que usam drogas, o HIV nas prisões é uma questão bastante importante a ser levada em consideração na elaboração da estratégia. Tuberculose e HIV constituem juntos uma causa majoritária de morte nas prisões, portanto, trabalhar HIV nesse ambiente é essencial para encontrar uma resposta nacional efetiva para o enfrentamento da epidemia. No entanto, serviços de HIV em ambientes prisionais continuam a ser insuficientes em escala e qualidade e os direitos à saúde e aos serviços de prevenção e tratamento, muitas vezes, são negados às pessoas em privação de liberdade, especialmente as mulheres e os jovens.