UNODC sediou encontro do GT/UNAIDS em Brasília
GT/UNAIDS sobre Drogas no UNODC |
Brasília, 20 de Novembro de 2014 - O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) sediou em Brasília, no dia 23 de Outubro, o encontro do Grupo Temático Ampliado das Nações Unidas sobre HIV/Aids (GT/UNAIDS) que pautou pela primeira vez o tema das drogas com foco em uma discussão sobre as atuais políticas sobre drogas no contexto da epidemia de Aids.
Quatro apresentações foram realizadas durante o encontro. Rafael Franzini, Representante do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) discutiu a atual situação dos usuários drogas e portadores de HIV no sistema prisional, focando nas recomendações sugeridas na última Consulta Global para prevenção e tratamento para o HIV/Aids, atenção e suporte às pessoas vivendo com HIV/Aids em sistemas prisionais que ocorreu em Outubro em Viena.
Na sequência, o Diretor de Articulação e Coordenação de Políticas sobre Drogas da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD) do Brasil, Leon de Souza Lobo Garcia, apresentou uma "Pesquisa Nacional sobre o Uso de Crack - Quem são os usuários de crack e ou similares do Brasil? Quantos são nas capitais brasileiras?" realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) em parceria com a SENAD. A pesquisa mostra que o crack não pode ser visto como a única droga existente no Brasil, com potencial que cause danos à população, pois outras drogas ilícitas, também estão presentes no dia a dia do brasileiro. Além disso, aponta que são as vulnerabilidades sociais que marcam o usuário evidenciando que o uso do crack é no Brasil um problema social. A pesquisa mostra, também, que entre as mulheres, 8,17% eram portadoras do HIV, índice que, nos homens, chegava a 4,01%.
Em seguida, Ana Lúcia Ferraz Amstalden, Coordenadora da Área de Prevenção e Articulação da Sociedade Civil do Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais do Brasil, discutiu o uso de drogas e a epidemia de HIV no Brasil expondo dados do mesmo estudo da FIOCRUZ apresentado pelo Sr. Leon de Souza. O estudo, que descreve tanto as características sociodemográficas quanto comportamentais dessa população, revela que a contaminação pelo HIV é oito vezes maior entre usuários de crack do que na população geral.
Finalmente, o Coordenador da Coordenação Geral de Saúde Mental Álcool e Outras Drogas do Brasil, Roberto Tykanori, fez uma discussão sobre o Sistema Único de Saúde e Atenção às Pessoas que Usam Drogas no Brasil, citando como exemplo de boas práticas, o Programa de Braços Abertos que foi implementado pela prefeitura de São Paulo desde janeiro deste ano, no centro da cidade. O programa já cadastrou quase 400 usuários de crack para receber moradia, trabalho, alimentação, atendimento de saúde e capacitação.
O encontro contou com a presença de representantes das Nações Unidas, setores do governo, membros da sociedade civil e parceiros de cooperação.