Dia Internacional da Juventude: é preciso apoiar a inclusão dos jovens e ajudá-los a realizar o seu potencial
Brasília, 12 de agosto de 2014 - No Dia Internacional da Juventude, o Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, destacou a necessidade de apoiar a inclusão de todas as pessoas jovens e ajudá-las a realizar o seu potencial.
Uma pesquisa publicada pela Secretaria Nacional da Juventude em 2013 mostrou que a questão que mais preocupa os jovens no Brasil é a segurança e a violência. As drogas também aparecem nessa pesquisa como uma das questões mais importantes, e a corrupção e o poder dos traficantes foram mencionados como os problemas que mais incomodam os jovens no Brasil hoje. Os homicídios são a principal causa de morte de jovens brasileiros, e atingem principalmente jovens negros do sexo masculino.
Seguindo a lógica do nosso mandato, o Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil está comprometido a atuar na redução da mortalidade juvenil, junto a parceiros que se preocupam com este tema. Leia abaixo a história de vida de um jovem que teve a oportunidade de participar de um projeto muito especial realizado no Distrito Federal, com o apoio do UNODC:
Davidson Pereira de Souza precisou aprender muito cedo a superar desafios. Negro, filho de pais separados e criado perto da comunidade Sol Nascente em Ceilândia, uma das áreas mais pobres de Brasília, Davidson sofreu na pré-adolescência de Síndrome de Guillain-Barré, uma doença grave que inflama os nervos do corpo. Por causa da doença, ele precisou usar uma cadeira de rodas por um ano e meio e hoje se locomove com a ajuda de uma órtese ortopédica, um dispositivo externo aplicado ao corpo que o ajuda a caminhar.
Após concluir o ensino médio numa escola pública, Davidson começou a trabalhar em um supermercado. No entanto, insatisfeito e sem expectativas de crescimento no emprego, passou a repensar sua vida e decidiu que era hora de mudar: fez inscrição para o ENEM e PROUNI e conseguiu entrar na faculdade de jornalismo. Na mesma época, conheceu através de amigos o Programa Jovem de Expressão, que tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade de jovens à violência, à aids e às doenças sexualmente transmissíveis, além de apoiar o empreendedorismo. O programa existe desde 2007 e é realizado pelo Grupo Caixa Seguros, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), e a Rede Urbana de Ações Sociais (R.U.A.S.).
Davidson se inscreveu pela primeira vez para uma oficina do programa em 2011: "Foi um divisor de águas. Através do Jovem de Expressão comecei a me interessar pela questão social e por atuar no terceiro setor. Muitas portas foram abertas por ter passado pelo programa: estágios, viagens e oportunidades de crescimento pessoal e profissional", disse ele. A partir daí, seu envolvimento no Jovem de Expressão só cresceu. Davidson participou de diversas atividades como o Fala Jovem,um espaço de fala e escuta para os participantes do programa que funciona nos moldes da terapia comunitária, além de trabalhar como voluntário na organização e divulgação de eventos, como o Sabadão Cultural e o Diálogos da Juventude.
Em 2013, foi um dos sete jovens selecionados pelo programa para atuarem como Agentes de Expressão, realizando diversas atividades de mobilização nos territórios em que vivem. Davidson passou a coordenar o projeto Amplificador, que mapeou grupos musicais dos mais diversos estilos em Ceilândia para ajudá-los a divulgar melhor seu trabalho na internet. Ele também trabalhou como mobilizador de juventude e guia turístico de Ceilândia.
"O grande diferencial do Jovem de Expressão é que ele possibilita que o jovem que participa de uma oficina continue envolvido no programa. Ao final da atividade em que estava inicialmente envolvido, o jovem tem a chance de deixar de ser apenas participante e tornar-se protagonista, podendo assim fazer a diferença na vida de outros jovens. O projeto é potencializador, pois reforça coisas que o jovem já tem e que talvez não soubesse, além de permitir que ele ou ela pense sobre violência não como vítima, mas como alguém que pode mudar essa situação que existe na sociedade", conta Davidson.
Aos 29 anos e já formado em jornalismo, atualmente Davidson continua atuando em sua comunidade com o objetivo de transformar o futuro de outros jovens. Ele é integrante da R.U.A.S., onde coordena a produção de oficinas e de um documentário sobre uma das maiores favelas do Brasil: a comunidade Sol Nascente, em Ceilândia, onde Davidson vive até hoje.