Testagem de HIV será ampliada no Brasil com ajuda de ONGs
Representantes de ONGs receberam treinamento prático |
Brasília, 29 de novembro de 2013 - Nas vésperas do Dia Mundial da Aids, comemorado em 1º de dezembro, o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde lançou uma nova ação no âmbito da parceria existente com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), para promover uma abordagem inovadora à testagem rápida de HIV no Brasil.
Foram realizadas esta semana em Brasília oficinas de capacitação com representantes de 40 organizações não-governamentais (ONGs) de todo o país, a fim de ampliar a oferta de testes rápidos de HIV entre as populações mais vulneráveis à infecção. Com base em pesquisas sobre prevalência do vírus, quatro grupos prioritários foram selecionados: usuários de drogas, gays e homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e transexuais.
Segundo o Representante do Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil, Rafael Franzini, "trata-se de uma iniciativa de grande relevância que contribuirá para a ampliação do acesso à testagem entre a população de usuários de drogas, além de outras populações em situação de grande vulnerabilidade".
A principal novidade é a oferta do teste rápido de detecção do HIV por fluido oral. Trata-se de um método de fácil execução, cujo resultado sai em 20 minutos, com 99% de confiabilidade. Ao mesmo tempo, o método possibilita a testagem para além das unidades de saúde, em horários alternativos, ampliando a adesão dos grupos mencionados, os quais, por vezes, preferem ser abordados à noite, na rua e nos diversos espaços de sociabilidade.
Especialista mostra os produtos do kit de testagem |
As pessoas com resultado positivo serão encaminhadas para unidade de saúde de referência, definida previamente pela gerência de DST/Aids de cada localidade, visando a agilidade do atendimento. Além disso, pessoas dos grupos mais expostos ao vírus poderão tomar antirretrovirais como forma de prevenção paralela aos métodos tradicionais, como o uso de preservativos.
"Mais uma vez, o Brasil adota uma posição de vanguarda na resposta à epidemia de aids no mundo, com estímulo ao diagnóstico cada vez mais precoce e ampliação do tratamento integralmente gratuito", avaliou o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Além do Brasil, apenas França e Estados Unidos ofertam medicamento antirretroviral aos pacientes soropositivos sem qualquer comprometimento do sistema imunológico.
O Diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, destacou a importância da parceria com o UNODC na abertura das oficinas. "Para mim é uma alegria estar aqui com o UNODC, uma instituição que é parceira do nosso departamento desde 1993, uma época em que ninguém sequer falava em redução de danos. Hoje, com a ajuda da experiência brasileira, o UNODC em todo o mundo fala em redução de danos. Na minha visão, não existe parceiro melhor para estar ao lado do governo brasileiro nesta iniciativa", afirmou ele.
Usuários de drogas
Representantes de nove ONGs que trabalham com redução de danos entre usuários de drogas participaram da capacitação. A redutora de danos Thaty Pinangé, de João Pessoa, aprovou o novo método de testagem. "É uma tecnologia fácil de ser utilizada, não precisa ser profissional de saúde. A ideia é pegá-los [os usuários de drogas] no momento do uso", afirmou ela.
Tyba, que é redutor de danos há 13 anos e atualmente atua em Londrina (PR), acredita que a participação das organizações não-governamentais pode facilitar a adesão ao tratamento por parte dos usuários de drogas. "Eles já têm um vínculo de confiança com as ONGs", disse ele.
As ONGs que atendem usuários de drogas e participaram das oficinas são: Águia Morena de Redução de Danos (PRD), de Campo Grande-MS; Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti (Fapex), de Salvador-BA; Associação Capixaba de Redução de Danos (ACARD), de Vitória-ES; Associação de Bem com a Vida, de Boa Vista-RR; Associação de Mulheres do Acre Revolucionárias, de Rio Branco-AC; Centro de Convivência É de Lei, de São Paulo-SP; Cordel Vida, de João Pessoas-PB; Indústria da Solidariedade, de Imbituba-SC e Núcleo Londrinense de Redução de Danos, de Londrina-PR.
* Com informações da Agência Saúde