Criminalidade e tráfico de drogas ameaçam Estado de Direito e desenvolvimento na América Central e no Caribe, diz estudo do UNODC
29 de setembro de 2012 - Embora o tráfico de cocaína tenha semeado a violência na América Central e no Caribe, há a necessidade de promover a boa governança e fortalecer as as instituições, as quais são exploradas por poderosos criminosos transfronteiriços, de acordo com estudo divulgado recentemente pelo diretor executivo do UNODC, Yury Fedotov.
O estudo Crime Organizado Transnacional na América Central e Caribe: Uma Avaliação das Ameaças, examina o impacto dos principais fluxos de tráfico de cocaína; mulheres e crianças forçada a entrar no comércio sexual; o contrabando de migrantes que procuram emprego; e o tráfico de armas fogo. Apesar do fluxo de cocaína para a região norte ter diminuído, estima-se que estes grupos vão competir pelos benefícios derivados de outras atividades ilícitas altamente lucrativas e continuarão semeando a violência.
"É preciso compreender a relação entre o desenvolvimento, o Estado de Direito e a segurança. As drogas e o crime também são questões de desenvolvimento, enquanto a estabilidade pode ser promovida por meio do respeito aos direitos humanos e o acesso à justiça", disse Fedotov.
Em 2011, a América Central apresentou uma das mais altas taxas de homicídios do mundo, com 39 homicídios por 100 habitantes na Guatemala, 69 por 100.000 em El Salvador e 92 por 100.000 em Honduras.
A pressão gerada entre os fornecedores de cocaína no Sul coca e os consumidores no Norte tem tornado a região em um corredor para o trânsito de cocaína, no entanto, as altas taxas de violência nem sempre estão associadas ao tráfico de drogas. El Salvador, por exemplo, tem um fluxo relativamente pequeno de cocaína, 4 a 5 toneladas, mas registra a maior prevalência das taxas de homicídios na região (65 por 100.000 habitantes entre 2000 e 2010).
Pelo contrário, parece que a queda na demanda e a crescente aplicação da lei têm desencadeado guerras internas brutais entre os traficantes, enquanto lutam por uma fatia em um mercado em retração. A implementação da estratégia de segurança do México, em 2006, afetou a oferta de cocaína em direção ao norte, iniciando o conflito por novos "mercados" em regiões de fronteira estratégicas, principalmente ao longo da fronteira entre a Guatemala e Honduras. O deslocamento das rotas de tráfico para o Caribe continua sendo uma ameaça.
Segundo o estudo, os fluxos de contrabando tem se concentrado nos países menos capazes de lidar com eles. Menciona-se que o desafio é combater a impunidade e a corrupção e ao mesmo tempo reforçar a capacidade de aplicação da lei e da justiça criminal. A criminalidade crônica empobrece as nações afastando investimentos e negócios.
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