Dinheiro sujo: quanto há lá fora?
26 de outubro de 2011 - Criminosos, especialmente traficantes de drogas, podem ter lavado cerca de US $ 1,6 trilhão, ou 2,7 por cento do PIB global, em 2009, segundo novo relatório do UNODC. Este valor é consistente com a faixa de 2 a 5 por cento previamente estabelecida pelo Fundo Monetário Internacional para estimar a escala de lavagem de dinheiro.
Menos de 1 por cento dos fluxos financeiros ilícitos globais está sendo apreendido e congelado, de acordo com o relatório " Estimando os fluxos financeiros ilícitos resultantes do tráfico de drogas e de outros crimes organizados transnacionais". "O acompanhamento do fluxo dos fundos ilícitos gerados pelo tráfico de drogas e pelo crime organizado e a análise de como eles são lavados nos sistemas financeiros do mundo permanecem tarefas assustadoras", reconheceu Yury Fedotov, diretor executivo do UNODC.
Ao lançar o relatório, em Marrakech, Marrocos, durante a quarta sessão da Conferência dos Estados Partes para a Convenção das Nações Unidas sobre a Corrupção, Fedotov disse que a Conferência serviu como um lembrete de que a corrupção pode desempenhar um papel importante na facilitação da entrada de fundos ilícitos nos fluxos financeiros globais legítimos, acrescentando que os investimentos de "dinheiro sujo" podem distorcer a economia e dificultar o investimento e o crescimento econômico. O objetivo do estudo é lançar luz sobre os montantes totais provavelmente lavados em todo o mundo e avançar nas pesquisas sobre o tema. "No entanto, como em todos estes relatórios, nós vamos continuar aperfeiçoando os números para fornecer estimativas mais verdadeiras possível", disse Fedotov.
O relatório do UNODC estima que a quantidade total de lucros do crime gerados em 2009, excluindo aqueles derivados de evasão fiscal, pode ter sido de aproximadamente US $ 2,1 trilhão, ou 3,6 por cento do PIB, naquele ano (2,3 a 5,5 por cento). Desse total, os lucros do crime organizado transnacional - como tráfico de drogas, falsificação, tráfico de seres humanos e contrabando de armas de pequeno porte - podem ter atingido 1,5 por cento do PIB global, dos quais 70 por cento teriam sido lavados por meio do sistema financeiro.
O comércio de drogas ilícitas - responsável por metade de todos os rendimentos do crime organizado transnacional e por um quinto de todos os lucros do crime - é o setor mais rentável. O estudo deu uma atenção especial ao mercado de cocaína, provavelmente a droga ilícita mais lucrativa traficada através das fronteiras. O rendimento bruto dos traficantes do comércio de cocaína foi de cerca de US $ 84 bilhões em 2009. Enquanto os agricultores andinos coca ganharam cerca de US $ 1 bilhão, a maior parte da renda gerada a partir da cocaína estava concentrada na América do Norte (US $ 35 bilhões), seguida pela Europa Ocidental e Central (US $ 26 bilhões). Aproximadamente dois terços desse total pode ter sido lavado em 2009. As descobertas sugerem que a maioria dos lucros do comércio de cocaína são lavados na América do Norte e na Europa, enquanto os lucros ilícitos de outras sub-regiões são provavelmente lavados no Caribe.
Uma vez que o dinheiro ilegal entra nos mercados global e financeiro, torna-se muito mais difícil rastrear suas origens, e a lavagem de ganhos ilícitos podem perpetuar um ciclo de criminalidade e de tráfico de drogas. "O desafio do UNODC é trabalhar dentro do sistema das Nações Unidas e com os Estados-Membros para ajudar a construir mecanismos de controlar e de prevenir a lavagem de dinheiro, reforçar o Estado de Direito e impedir que esses fundos de provocar mais sofrimento", disse Fedotov.
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Relatório do UNODC: " Estimando os fluxos financeiros ilícitos resultantes do tráfico de drogas e de outros crimes transnacionais organizados"