UNODC mostra tendências divergentes do cultivo de coca nos países andinos
22 de junho de 2010 - Estudos de monitoramento do cultivo de coca na Bolívia, na Colômbia e no Peru divulgados nesta terça-feira mostram uma queda de 5% na quantidade de coca cultivada nos países andinos, região que é a principal fonte de matéria-prima da cocaína no mundo, passando de 167 mil hectares em 2008 para 158 mil hectares em 2009.
Na Colômbia, o cultivo diminuiu 16%m chegando a 68 mil hectares. Isso representa uma redução de quase 60% desde o pico verificado há uma década. "A política de controle de drogas adotada pelo governo colombiano nos últimos anos, combinando segurança e desenvolvimento, está trazendo resultados", disse o Diretor Executivo do UNODC, Antonio Maria Costa. A produção de cocaína na Colômbia caiu para 410 toneladas, o que representa uma redução de 9% em um ano.
Cultivar a coca na Colômbia tornou-se uma atividade mais arriscada e menos rentável para o crime organizado. Os agricultores que cultiva coca não chegam a ganhar 1 dólar por dia. O valor total de venda da produção de coca diminuiu 21%, chegando a menos de meio bilhão de dólares (US$ 494 milhões) - o equivalente a 0,2% produto interno bruto do país. As plantações de coca estão se tornando menores, mais dispersos e menos produtivas, aumentando a demanda das comunidades locais para atividades legais e sustentáveis de subsistência.
A posição clara da Colômbia contra o cultivo de coca e contra a produção de cocaína está sendo acompanhada de políticas eficazes de combate ao tráfico. As apreensões de cocaína na Colômbia somaram 200 toneladas em 2009 - o que representa uma porcentagem significativa da cocaína produzida (entre um quarto e metade, dependendo da pureza).
Entretanto, as notícias do Peru são preocupantes. O cultivo da coca no Peru continua aumentando (pelo quarto ano consecutivo), mais 6,8%, chegando para 59,9 mil hectares (em comparação com 56,1 mil hectares em 2008). De fato, hoje é cultivado no Peru 55% a mais de coca do que há uma década, embora o total deste ano ainda seja metade do que era há duas décadas.
"Se a tendência atual persistir, o Peru em breve ultrapassará a Colômbia como maior produtor mundial de coca - uma situação que não o país vive desde meados dos anos 1990", alertou Costa. "Eu convido o governo peruano a realizar uma ação concertada, em todas as frentes, para melhorar os serviços de saúde pública e de segurança, ampliando as iniciativas de subsistência sustentável, os programas de prevenção e tratamento, a aplicação da lei e a cooperação regional", disse o chefe do UNODC.
Houve poucas mudanças no cultivo de coca no Estado Plurinacional da Bolívia: um aumento de 1%, para 30,9 mil hectares. No entanto, este número é o dobro de que o de uma década atrás. "Mais erradicação e um maior apoio para o desenvolvimento, sobretudo para os meios de subsistência alternativos são necessários nas regiões de Chapare e Yungas", disse o chefe do UNODC. "Ações urgentes são também necessárias para reparar os danos ambientais causados às regiões que foram severamente afetadas pela monocultura da coca".
As forças de mercado parecem estar tornando a coca menos rentável. Em 2009, os agricultores de coca no Estado Plurinacional da Bolívia receberam 10% por cento a menos pela folha de coca (US$ 265 milhões em 2009 contra US$ 293 milhões em 2008).
" Há limites para o que os governos andinos podem fazer se as pessoas continuam consumindo cocaína. Cabe, portanto, aos governos de países consumidores de cocaína - na maior parte na Europa e América do Norte - assumir sua quota de responsabilidade e reduzir a demanda por cocaína", disse . Costa.
Devido a uma revisão que está em curso sobre os fatores de conversão da folha de coca para cocaína pura, por meio da melhoria da precisão das estimativas com base no teor de alcaloides de folhas de coca na eficiência dos laboratórios, bem como do cultivo e da produção, o UNODC não atribuiu um valor pontual para estimar a o índice de produção de cocaína na Bolívia e no Peru este ano. Devido a essa incerteza, a produção global de cocaína em 2009 foi estimada em algo entre 842 e 1.111 toneladas.
Estes estudos se referem apenas ao cultivo de coca. O Relatório Mundial sobre Drogas 2010, que será divulgado pelo UNODC nesta quinta-feira, dia 23 de Junho, oferece um panorama completo do mercado de cocaína, inclusive com dados sobre demanda, oferta e tráfico.
Acesso aos estudos
Colômbia - Monitoramento dos Cultivos de Coca 2009 (em
espanhol)
Peru - Monitoramento dos Cultivos de Coca 2009 (em
espanhol)
Estado Plurinacional da Bolívia - Monitoramento dos Cultivos de Coca 2009 (em
espanhol)