Cerca de 1 milhão de afegãos sofrem com a dependência de drogas, diz relatório do UNODC
22 de junho de 2010 - O Afeganistão, maior produtor mundial de ópio e de heroína, também está enfrentando um grave e crescente problema de abuso de drogas, revela um estudo realizado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), intitulado
O uso de drogas no Afeganistão
. A pesquisa mostra que cerca de 1 milhão de afegãos de idade entre 15 e 64 anos são dependentes de drogas. Isso corresponde a 8% da população, uma taxa que é o dobro da média mundial.
A pesquisa mostra um aumento de 53% no número de usuários de ópio (de 150 mil para 230 mil usuários) e um salto de 140% no número de usuários de heroína (de 50 mil para 140 mil), em comparação com a pesquisa similar realizada em 2005.
"Três décadas de traumas relacionados à guerra, disponibilidade ilimitada de entorpecentes baratos e acesso limitado ao tratamento geraram esse enorme (e crescente) problema da drogadição no Afeganistão", disse o diretor executivo do UNODC, Antonio Maria Costa.
Há tempos, os afegãos têm usado ópio para aliviar a dor e se automedicar. No entanto, o impacto disso é amplamente negativo. O consumo de opiáceos gera problemas comportamentais, sociais e de saúde, além de questões relacionadas à criminalidade, a acidentes e à perda de produtividade no trabalho.
"Estamos diante de uma tragédia nacional", disse Ibrahim Azghar, vice-ministro afegão de combate aos entorpecentes, no lançamento do relatório em Cabul.
De forma preocupante, as estatísticas do UNODC também mostram que cerca de 50% dos pais que usam drogas no norte e no sul do país dão ópio a seus filhos. "Esse comportamento traz o risco de condenar a próxima geração de afegãos a uma vida de adição", disse Costa.
Oferecer tratamento para usuários de drogas é fundamental para reverter a tendência de crescimento. No entanto, estima-se que 700 mil afegãos não tenham acesso ao tratamento. Há centros de tratamento em atividade em apenas 21 das 34 províncias afegãs, que são capazes de oferecer tratamento para cerca de 10 mil usuários de drogas por ano.
"O tratamento continua inacessível para um terço do país. Não podemos esquecer, em meio a nossos esforços parar combater a produção de narcóticos no Afeganistão, que muitos de seus cidadãos também são vítimas dos efeitos devastadores dos opiáceos", disse Robert Watkins, o Vice-Representante Especial da Secretária-Geral para o Afeganistão.
Informações adicionais
Uso de Drogas no Afeganistão 2009 (sumário executivo, em inglês)