Escultura feita com armas chama a atenção para as vítimas da violência
4 de junho de 2010 - Um objeto de arte de cinco toneladas, produzido inteiramente a partir de armas desativadas, tais como revólveres, munição e minas terrestres, está em exibição no Centro Internacional de Viena. A escultura de armas foi desenvolvida pelos artistas canadenses Sandra Bromley e Wallis Kendal como uma crítica em relação à cultura da violência que envolve muitas sociedades contemporâneas.
A escultura de armas é parte de uma exposição intitulada "A Arte da Pacificação", que inclui um mural com fotografias de vítimas da guerra e de diversas formas de violência ao redor do mundo, além de uma lousa e de um livro nos quais os visitantes podem comentar sobre a exposição. De acordo com os artistas Bromley e Kendal, a escultura não pretende chocar intelectual ou emocionalmente os visitantes, mas desafiá-los a refletir sobre a natureza da violência. As armas são uma metáfora para a violência do século 20, o qual muitos defendem que tenha sido o século mais violento da história humana.
As cerca de 7.000 armas que compõem a escultura foram coletadas em todo o mundo, cada uma delas ligada de alguma forma a um ato violento. Cada elemento da escultura foi desativado individualmente para que nunca possa funcionar novamente como arma. Os itens foram soldados no local da exposição utilizando-se uma tecnologia de soldagem de aeronaves. Assim, elas se mantêm estáveis e não podem ser individualmente removidas.
A escultura de armas foi exibida pela primeira vez na sede Organização das Nações Unidas, em Nova York, em 2001, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio Ilícito de Armas Pequenas e Ligeiras. A escultura estará em exibição no Centro Internacional de Viena até o final de julho e pode ser vista como parte da visita guiada na sede das Nações Unidas em Viena.
Dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) mostram que o mercado ilícito de armas é estimado globalmente entre 200 e 300 milhões de dólares por ano - o que representa algo como 20% do comércio legal de armas. Na África, onde o mercado de traficantes de armas é mais rentável, é também a região que tem o maior número de vítimas por causa disso.
Até o momento, apenas 79 Estados-membros ratificaram o Protocolo contra a fabricação e o tráfico ilícito de armas de fogo, suas peças e componentes e munições, que entrou em vigor em julho de 2005. O protocolo complementa a
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), que é o principal instrumento internacional de luta contra a criminalidade organizada transnacional. Os Estados Partes do Protocolo devem desenvolver uma legislação nacional para impedir que as armas caiam nas mãos erradas; a criminalizar a remoção as marcas de registro impressas nas armas; a manter os registros necessários para rastreá-las; a evitar a reativação de armas desativadas; a promover sistemas de cooperação para monitorar os fluxos de armas; a evitar o contrabando de armas; e a reforçar a aplicação da lei nas regiões de fronteira.
Entre 18 e 22 de outubro de 2010 ocorrerá a 5ª Sessão da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional e seus protocolos, em Viena, na Áustria. (
informações sobre as sessões anteriores, em inglês).