Alexandre Ladeira: um exemplo de trabalho com a juventude em relação ao HIV e à aids
25 de maio de 2010 - "Eu sei que não podemos mudar o mundo", diz Alexandre Ladeira. "Mas podemos mudar uma parte dele, e essa parte seria mudar a mim mesmo. Não é uma tarefa fácil ou rápida, mas vale a pena tentar!"
O otimismo de Alexandre é contagiante. Mas é também surpreendente, considerando o que ele já enfrentou em seus 23 anos. Alexandre teve de aprender a se virar sozinho desde os 13 anos, quando ele contou a seus pais sobre sua orientação sexual e foi expulso da casa da família. Quando disse que ele era HIV positivo, ouviu como resposta que "era o preço que pagava para a vida que levava".
Aqueles foram tempos difíceis para Alexandre. Sem apoio da família e sabendo pouco sobre o HIV, ele procurou ajuda e informação sobre em ONGs em sua cidade natal, Coimbra, Minas Gerais. Aos poucos, a situação dele foi melhorando. Ele aprendeu a controlar sua doença e a prática do sexo seguro, passando a participar de movimentos de combate à discriminação contra a homossexualidade e de proteção os direitos humanos das pessoas vivendo com HIV e aids. Pouco tempo depois, ele foi trabalhar em uma ONG que atua para prevenir a propagação do HIV e de outras doenças infecciosas entre usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo e outras pessoas vulneráveis da sociedade. Alexandre tem um talento natural para se comunicar com as pessoas - o que o torna excelente para o trabalho de sensibilização, como formador e educador sobre o HIV e as práticas de sexo seguro.
Hoje Alexandre participa de um programa de treinamento para jovens líderes vivendo com HIV e AIDS. O programa reforça as competências de liderança dos participantes, além de informá-los sobre políticas e serviços existentes no âmbito governamental e não-governamental. Os participantes também passam por uma experiência prática de trabalho em órgãos de governos e em ONGs. Em sua primeira atividade, na seção de vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do Espírito Santo, Alexandre está aprendendo sobre a gestão de HIV, aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, sobre a logística de distribuição de suprimentos e medicamentos e sobre a elaboração de planos de ação e interação do governo com as organizações da sociedade civil. Em um segundo momento, ele irá trabalhar em uma agência pública de aconselhamento a pessoas que vivem com HIV e aids e em uma organização da sociedade civil envolvida na mobilização da comunidade em torno da prevenção ao HIV e à aids.
"Acredito que muitos jovens de hoje não conhecem seus direitos", diz Alexandre. "Vejo neste programa de treinamento a oportunidade para um jovem vivendo com o HIV para superar as dificuldades e preconceitos, ampliar seu entendimento das questões sociais e melhorar seu desenvolvimento profissional e pessoal". Com um largo sorriso, ele acrescenta: "Estou muito feliz por fazer parte disso".
O programa de jovens líderes vivendo com HIV e aids do qual Alexandre está participando é uma iniciativa do Ministério da Saúde do Brasil, da ONG Pacto Brasil e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), em parceria com o UNODC, o UNAIDS e outras agências das Nações Unidas.
As Nações Unidas, por meio do Programa Conjunto sobre HIV e Aids (UNAIDS) e do UNODC, também estão apoiando a
Conferência AIDS 2010, que será realizada de 18 a 23 de julho de 2010, em Viena, na Áustria. Na conferência, terá destaque a situação na Europa Oriental e na Ásia Central, regiões que vivenciam um rápido crescimento da epidemia, principalmente pelo inseguro uso de drogas injetáveis.