O "CSI" da vida real: o serviço forense para o combate ao crime
1º de abril de 2010 - Dramas policiais da televisão têm trazido certo "glamour" ao trabalho dos detetives que trabalham com cenas de crime. Amostras de DNA, impressões digitais ou resquícios de balas podem fornecer provas-chave para determinar a culpa ou inocência de um suspeito. Entretanto, na vida real, de acordo com Justice Tettey, Chefe da Seção Científica e Laboratorial do UNODC, "muitas vezes, a evidência é coletada ou armazenada indevidamente. Como resultado, não pode ser utilizada no tribunal e o caso é perdido", diz Tettey.
"Se os elementos da cena do crime não são mantidos intactos, nem mesmo o melhor laboratório pode ajudar", explica Tettey. Entretanto, com treinamento básico e equipamentos adequados, é possível aumentar significativamente a capacidade dos países de recolher provas valiosas e melhorar a análise científica das drogas e do crime. É por isso que o UNODC está intensificando seu programa de apoio a serviços forenses.
Durante décadas, o UNODC tem dado suporte a assuntos relacionados às drogas no campo forense e científico, a partir de seu escritório em Viena. Por exemplo, o escritório fornece amostras de referência de drogas, para garantir a identificação confiável e precisa de drogas e de precursores. "Pode-se pensar que todos analisam uma amostra da mesma maneira, mas nem sempre é o caso", diz Tettey. "Recentemente, enviamos uma amostra de heroína apreendida a diversos laboratórios ao redor do mundo para testar a sua pureza. Recebemos resultados que variaram entre 40% e 90% de pureza, mas na verdade o resultado correto seria de 60%", explicou.
Para ampliar a capacidade de análise e padronizar procedimentos, o UNODC produz manuais de análise de drogas, orientações sobre as melhores práticas forenses e materiais de treinamento. Também produz ferramentas de campo para avaliação de drogas e precursores, para a realização de análises no próprio local. "Com esses kits, até mesmo um guarda de fronteira em um local remoto pode descobrir se uma substância suspeita contém realmente drogas ou precursores - produtos químicos utilizados na fabricação de drogas ilícitas", diz Tettey.
O trabalho forense do UNODC não é realizado apenas em laboratórios. Às vezes, escritório é chamado a fornecer apoio técnico em campo. Recentemente, por exemplo, a equipe do UNODC foi convidada a inspecionar algumas substâncias químicas suspeitas na Guiné. "Com a turbulência política no país, havia muitos rumores", diz Tettey, que participou de uma missão conjunta com a Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL). "Quando entramos em um prédio inacabado, nas proximidades de Conakry, vi recipientes de alta pressão e óleo safrol (um precursor químico utilizado na fabricação de ecstasy)".
O UNODC e a Interpol descobriram precursores químicos em oito locais na Guiné que poderiam ser usados para fabricar uma quantidade de drogas cujo valor de mercado poderia chegar a US$ 100 milhões. "É muito provável que existam outros locais como esses na África Ocidental", adverte Tettey. "Deve ser prioridade garantir que os Estados-membros monitorem produtos químicos de forma rápida, segura e eficiente, para evitar o contrabando", acrescenta.
O UNODC está também diversificando seu trabalho forense, passando a se concentrar mais no crime e não apenas nas drogas. "Precisamos avançar. Os países estão pedindo ajuda para lidar com a crescente ameaça representada pelo crime organizado", explica Tettey. "Criminosos são rápidos para se adaptar a mudanças, por isso precisamos ajudar os Estados a acompanhar esse ritmo, por exemplo, combatendo roubos e falsificações de documentos de identidade". Por isso, serviços científicos e forenses devem estar integrados em programas regionais do UNODC. "Os Estados-membros sempre falam sobre a importância de políticas e de operações que sejam baseadas em provas: o trabalho forense é a chave para garantir a identificação dessas evidências", diz Tettey.
Informações relacionadas:
Serviços de Laboratório e de Ciências Forenses do UNODC (em inglês).