Governo brasileiro vai financiar construção da Academia de Polícia da Guiné-Bissau
8 de janeiro de 2009 - Apoiar cada vez mais as ações de cooperação técnica prestada pelo governo brasileiro, no contexto de cooperação sul-sul, é um dos objetivos do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) para o Brasil e o Cone Sul em 2010. Esse objetivo foi reforçado ainda em dezembro de 2009, com a assinatura, no dia 11/12, de um acordo para a construção e o estabelecimento de um centro de formação e treinamento para as forças de segurança da Guiné-Bissau. O acordo representa um firme passo na consolidação da cooperação sul-sul, tendo o UNODC sido a primeira agência da ONU no Brasil a concretizar um projeto de cooperação nesse contexto.
Com investimento de três milhões de dólares por parte do governo brasileiro, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), em um período de três anos, o projeto contribui para a formação de uma polícia tecnicamente bem preparada na Guiné-Bissau, de acordo com os padrões aceitos internacionalmente. Uma área de 30 mil metros quadrados, sede de um antigo acampamento durante a construção da Ponte João Landim na capital do país, Bissau, foi destinada pelo governo guineense para receber o centro de formação. .
No fim da década de 90, a Guiné-Bissau passou um conflito civil resultante de instabilidade política, que acarretou a destruição da infraestrutura do país e reduziu seu PIB em 28%. A guerra civil traduziu-se também em uma diáspora, com milhares de refugiados guineenses espalhados principalmente pelo continente africano. O ambiente de insegurança tornou-se um entrave para o desenvolvimento econômico e social do país, desencorajando investimentos, desviando os poucos recursos do país para despesas não produtivas e permitindo a progressão da criminalidade organizada.
Em face de uma crônica instabilidade política pós-guerra civil, a Guiné-Bissau busca reerguer seus pilares de paz, direitos humanos, segurança, justiça e integridade. A criação de uma academia de polícia poderá contribuir para o aperfeiçoamento das forças policiais do país e apoiar o governo guineense na implementação do Plano Nacional para o Combate de Drogas e Crime, cujas atividades contam com o apoio do escritório do UNODC para a África Ocidental e Central, com sede no Senegal.
Por parte do governo brasileiro, as atividades do projeto de cooperação ficarão a cargo do Departamento de Polícia Federal (DPF) que desde 2008 já vem formando oficiais estrangeiros no Brasil. Desde o início da cooperação com o UNODC, 158 policiais do Mercosul e dos Países Africanos de Língua Portuguesa foram formados na Academia de Polícia em Brasília, dos quais 66 eram de Guiné-Bissau - o que representa mais da metade de toda a Polícia Judiciária do país.
Para o representante do UNODC no Brasil e no Cone Sul, Bo Mathiasen, o crime organizado atua em diversas frentes e não respeita fronteiras. "Por isso, é preciso enfrentar o crime no âmbito local e no âmbito global, por meio da cooperação internacional", afirmou Mathiasen durante a formatura de uma das turmas de estrangeiros em Brasília.
Ao fortalecer a cooperação do governo brasileiro na Guiné-Bissau, o UNODC reafirma seu compromisso de estreitar os laços de cooperação sul-sul, pela qual países em desenvolvimento que têm traços históricos e culturais comuns possam ajudar uns aos outros a estabelecer soluções para o desenvolvimento e compartilhar experiências bem sucedidas nas melhorias das condições de vida de seus cidadãos.