Epidemia da aids é ainda um desafio para o desenvolvimento na América Latina
23 de novembro de 2009 - A aids e as outras doenças sexualmente transmissíveis ainda constituem um grande desafio para o desenvolvimento da América Latina. A conclusão foi tirada no Fórum Latino-americano e Caribenho de DST, HIV e AIDS, que reuniu 4 mil participantes em Lima, no Peru.
Os participantes apontaram que o combate à epidemia demanda um trabalho multissetorial, que inclui aspectos complementares da prevenção, especialmente nos grupos mais vulneráveis. "Uma maneira de se buscar soluções para combater a epidemia é começar pelo reconhecimento mútuo dos diferentes atores que intervêm na resposta multissetorial governamental, não-governamental e dos grupos afetados", diz Orlando Montoya, coordenador da Associação para a Saúde Integral e Cidadania da América Latina e do Caribe (ASICAL).
Nas plenárias do fórum, os participantes discutiram que os Estados da região devem seguir trabalhando tanto na luta para conquistar o acesso universal aos medicamentos contra o HIV quanto nas questões referentes aos direitos humanos e à cidadania. "É verdade que em todos os países houve muitos avanços, mas falta concentrar esforços para nivelar todos essas conquistas", disse o secretario do Grupo de Cooperação Horizontal da América Latina e do Caribe em HIV/aids, José Luis Sebastián.
De acordo com o UNAIDS, há 1,45 milhão de pessoas com aids na região sem acesso aos medicamentos. Dois terços das 450 mil pessoas tratadas se estão concentradas em apenas quatro países. Para compartilhar as experiências bem sucedidas na América Latina, foram apresentados alguns casos de sucesso, como as experiências do Brasil e da Colômbia no em relação às restrições do sistema de propriedade industrial.
A diretora do Departamento de DST, HIV e AIDS e Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil, Mariângela Simão, ressaltou que as decisões sobre o acesso aos medicamentos são políticas e não meramente técnicas. Para ela, as soluções para o embate entre interesse comercial e saúde pública devem estar pautadas pelo interesse das pessoas e não da indústria farmacêutica.
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) apoiou a realização do evento e coordenou duas reuniões satélites. Na reunião sobre "HIV e Sistema Penitenciário", foram apresentadas as atividades que vêm sendo desenvolvidas na América Latina pelo UNODC relacionadas ao HIV no sistema prisional, principalmente as conclusões de uma consulta regional sobre HIV nas prisões, as conclusões da consulta sobre HIV nas prisões realizada no Brasil, os resultados de uma pesquisa regional sobre a incidência do HIV na população privada de liberdade e uma experiência argentina de abordagem na saúde penitenciária realizada a partir de uma parceria entre os ministérios da Saúde e da Justiça do país.
Na mesa "Melhores Práticas e Apresentação de Estudos sobre HIV e Populações Vulneráveis" foram apresentados os resultados de pesquisas que analisaram práticas de consumo de substâncias psicoativas e a vulnerabilidade em relação ao HIV de usuários de drogas não injetáveis na Argentina, no Brasil e no Uruguai.
Na avaliação de Nara Santos e Carola Lew, assessoras técnicas em HIV do UNODC, o fórum cumpriu seu objetivo de promover um alinhamento das políticas públicas nacionais e regionais em torno do acesso universal à saúde, da prevenção, da atenção e do tratamento, sempre dentro de uma perspectiva de respeito aos direitos humanos, promovendo a participação, a igualdade e o envolvimento multissetorial da sociedade.