Começa a conferência mundial sobre corrupção em Doha
9 de novembro de 2009 -Mais de 1.000 delegados de 125 países estão reunidos esta semana em Doha, no Catar, para examinar a implementação da Convenção das Nações Unidas contra Corrupção. Eles representam países que assinaram o tratado das Nações Unidas contra corrupção. Esta é a terceira sessão desde que a Convenção entrou em vigor, em dezembro de 2005.
O evento foi aberto oficialmente nesta segunda-feira (9) pelo Procurador Geral do Catar, Dr. Ali Al-Marri, na presença do xeique Sheikh Tamin Bin Hamad Al-Thani. Em sua apresentação, Al-Marri descreveu o encontro como "o fórum intergovernamental para a excelência no combate à corrupção".
Em discurso, o Diretor-Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), Antônio Maria Costa, chamou a corrupção de "causa e consequência" da crise financeira. Ele criticou os governos por terem permitido a falta de controle do sistema, e também os magnatas do setor financeiro e coorporativo, por ter transformado seus negócios em um jogo sem regras.
O Diretor-Executivo do UNODC encorajou os estados a utilizar a convenção contra a corrupção como "um plano para recuperar a confiança nos mercados, nos negócios e nos governos". Ressaltou também que a corrupção pode ser prevenida e disse que a corrupção não pode ser considera como um "fato eterno", nem que ela simplesmente "faz parte" dos negócios.
A Convenção da ONU contra a Corrupção prevê medidas preventivas que são aplicadas tanto ao setor público quanto ao privado e sua implementação está sendo revisada em Doha. Um dos principais pontos em discussão é a criação de um mecanismo de revisão da aplicação do tratado. "Até o momento, a corrupção está apenas no olho do observador, ou seja, não há maneira de mensurá-la", disse Costa.
Mas a revisão dos mecanismos permitiria, pela primeira vez, aos estados enxergar como se está efetivamente lutando contra a corrupção, além de identificar onde é preciso investir mais contra a corrupção. A intenção é criar um mecanismo mais transparente, inclusivo, justo e não intrusivo. "Deve ser uma revisão técnica intergovernamental objetiva, para mensurar o progresso, e não um espaço para apontar culpados", disse Costa. O diretor do UNODC incentivou os estados-membros a "fecharem o acordo" no encerramento da conferência na sexta-feira.
O evento em Doha também conta com a participação de integrantes da sociedade civil, dos organismos internacionais, de parlamentares, da mídia e do setor privado.