Vidas estão à venda na Europa, adverte o UNODC
16 de outubro de 2009 -Na Europa, condenações por crimes de baixa ocorrência, como sequestro, são mais comuns do que condenações por tráfico de seres humanos, crime muito comum na região. Apenas nove mil vítimas foram notificadas em 2006, número trinta vezes menor do que o total de pessoas traficadas. "Talvez a polícia não esteja achando traficantes e vítimas por que não está procurando por eles", disse o Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), Antonio Maria Costa. .
Nas vésperas do "Dia Europeu Anti-Tráfico", 18 de outubro, o UNODC publicou o documento baseado no Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, lançado em fevereiro de 2009. Junto com o documento, foi publicado um vídeo de treinamento direcionado a oficiais de justiça criminal, tais como procuradores, juizes, agentes da lei outros públicos especializados. .
As informações do documento "Tráfico de Pessoas: Análise sobre a Europa" mostra que um grande número de pessoas é traficado entre e dentro da União Européia, tanto regional como domesticamente, com predominância do sudeste ao oeste europeu. As vítimas europeias representam apenas uma fração do total detectado no continente. Pesquisas recentes apontam um aumento significativo de vítimas vindas da China e da Ásia Central.
A maioria das vítimas identificada na Europa é composta por mulheres que foram traficadas para fins de exploração sexual. Cerca de 10% delas é composta por crianças. Casos como os de homens que são forçados a trabalhar em construção e agricultura também foram detectados. "Vidas não deveriam estar à venda num continente que proíbe escravidão e trabalho forçado, e que se orgulha defender a dignidade humana", disse Costa.
A maioria dos traficantes processados é local e pertence ao sexo masculino. Quando traficantes estrangeiros estão envolvidos, é comum que sejam do mesmo país das vítimas. Curiosamente, em um crime no qual a maioria das vítimas são mulheres, o número de infratoras é maior no tráfico de seres humanos do que em outros crimes. "Temos que compreender melhor por que os criminosos traficam parentes e por que mulheres exploram outras mulheres", disse o diretor do UNODC.
"Um ponto positivo observado no relatório é o que mostra que, nos últimos seis anos, desde que a entrada em vigor do "Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças" em 2003, a maioria dos países europeus criminalizou o tráfico com propósito de exploração sexual e trabalho forçado.
Vídeo de treinamento
O Dia Europeu Anti-Tráfico também marca o lançamento do vídeo de treinamento do UNODC, intitulado "Vítima da Vida". O vídeo é dirigido a promotores, juízes, agentes policiais e outros públicos especializados, e ilustra os elementos e as diferentes formas de tráfico humano. Também será utilizado como uma ferramenta de sensibilização para exemplificar alguns dos principais aspectos do tráfico de seres humanos, como a diferenças entre o tráfico e o contrabando de migrantes.
O vídeo está disponível em versões completas e resumidas em Inglês. Versões em outras línguas oficiais das Nações Unidas estarão disponíveis no início de 2010.