UNODC Brasil e Ministério das Relações Exteriores apoiam criação de Academia de Formação Policial na Guiné-Bissau
7 de outubro de 2009 - Com o objetivo de aprofundar as discussões para a criação de uma Academia de Formação Policial na Guiné-Bissau, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) acompanhou uma missão brasileira ao país africano, formada por delegados da Polícia Federal e por representantes da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Ministério das Relações Exteriores, entre os dias 21 a 25 de setembro. A visita atendeu a uma solicitação de ajuda do país africano para fortalecer a capacidade de suas forças policiais, dentro de uma perspectiva de Cooperação Sul-Sul, pela qual países em desenvolvimento do hemisfério Sul estreitam laços econômicos e sociais, intercambiando conhecimento técnico e boas práticas em políticas públicas. Após as negociações iniciais, a construção do Centro de Formação das Forças de Segurança aguarda apenas aprovação do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, que deve viajar para a Guiné-Bissau no dia 3 de novembro.
Os escritórios do Brasil e de Dakar devem coordenar a participação do UNODC no projeto. Durante o encontro da comissão brasileira com representantes do governo guineense ( na foto,
o ministro da Justiça, Mamadu Jaló Pires, recebe a comitiva brasileira), foi estabelecido o terreno para as futuras instalações da Academia de Polícia. Uma área de 30 mil m², sede de um antigo acampamento durante a construção da Ponte João Landim na capital do país, Bissau, deve receber o Centro de Formação. O investimento para o primeiro ano de implementação da proposta está estimado em 1,7 milhão de dólares e tem sinalização positiva por parte da ABC. Com cerca de 1,5 milhão de habitantes, a Guiné-Bissau é um país com um dos piores índices de desenvolvimento humano do mundo, ocupando a 173ª posição entre 182 países pesquisados no ranking do IDH, calculado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD).
"O Escritório de Programa do UNODC em Guiné-Bissau tem se mostrado fundamental na sensibilização das autoridades locais para concretizar as reformas necessárias e ampliar as respostas ao enfrentamento dos problemas associados a drogas e crime", avalia a representante regional adjunta do UNODC Brasil enviada ao país africano, Cíntia Freitas.
Além das discussões sobre a construção do Centro de Formação das Forças de Segurança, foi acordado também o treinamento de mais 20 policiais guineenses no Brasil. O UNODC em Bissau irá financiar a participação do grupo de oficiais africanos na próxima turma de formação da Academia Nacional de Polícia, prevista para começar no próximo dia 19 de outubro. Desde o ano passado, por intermédio do UNODC Brasil, o curso da Polícia Federal Brasileira já capacitou 117 oficiais estrangeiros, entre policiais do Mercosul e de países africanos de língua portuguesa. O projeto de integração de agentes, peritos e policiais judiciários de países da Cooperação Sul-Sul surgiu ao final de 2007 na Conferência Internacional sobre o Narcotráfico, em Lisboa, organizado pelo UNODC.
Para o representante do UNODC no Brasil e no Cone Sul, Bo Mathiasen, o crime organizado atua em diversas frentes e não respeita fronteiras. "Por isso, é preciso enfrentar o crime no âmbito local e no âmbito global, por meio da cooperação internacional", afirmou Mathiasen durante a formatura de 81 estrangeiros no curso da Polícia Federal Brasileira em julho deste ano.
Tráfico de drogas
Ainda na Guiné Bissau, Cíntia Freitas recebeu a notícia pelo oficial de Justiça Criminal do UNODC Dakar, Flemming Quist, de que o Brasil deverá ser incluído no projeto AIRCOP, uma iniciativa de enfrentamento ao tráfico de drogas em aeroportos, que já opera no continente africano. O projeto prevê o treinamento de agentes para ampliar a capacidade de investigação e de controle de drogas nos aeroportos. A implementação do projeto será financiada pelas Nações Unidas e ainda deve ser discutida com o governo brasileiro.