UNODC colabora na reinserção de ex-presidiárias do Afeganistão à sociedade
6 de agosto de 2009 - Muitas mulheres afegãs são frequentemente presas por violação de normas sociais, comportamentais e religiosas. Algumas delas têm dificuldade de retornar a suas casas após o período de prisão e algumas são até rejeitadas pela "vergonha" que trouxeram para suas famílias.
A funcionária do UNODC, Freshta Jamal, ajuda na reintegração de mulheres ex-presidiárias à sociedade. Freshta era estudante quando o Talibã fechou sua universidade em 1992. Ela migrou para o Paquistão, onde adquiriu o diploma de medicina. Após retornar ao Afeganistão, ela esteve engajada na reconstrução de seu país de origem. Ela trabalhou em diversas agências de ajuda médica e humanitária, sempre com o objetivo de prestar suporte a mulheres e crianças vulneráveis.
Atualmente, Freshta ajuda mulheres e crianças prisioneiras no Afeganistão, desenvolvendo suas aptidões para começar uma nova vida. Suas responsabilidades incluem a coordenação de treinamento educacional e vocacional para prisioneiras e treinamento de conselho psicossocial para os funcionários da prisão.
Quais são os problemas sociais, comportamentais e religiosos que as mulheres afegãs enfrentam?
As mulheres afegãs enfrentam violência e conflitos familiares, abuso sexual, problemas de saúde congênitos e dificuldades econômicas - o que, por vezes, as levam a abandonar suas próprias casas. A poligamia é permitida na sociedade, e muitas mulheres sofrem abuso sexual e físico. Além disso, é ilegal para uma mulher manter relações com outro homem; caso fizerem e forem descobertas, serão condenadas ao cárcere.
Muitas mulheres não têm conhecimento de seus direitos e não podem falar por si mesmas. Como resultado disso, muitas delas estão presas sob acusação de abandono, feita por seus maridos, já que as palavras deles têm maior peso do que a delas. Em alguns casos, observam-se mulheres sendo usadas para carregar drogas de um lugar a outro, sem receber nada por isso - apesar de elas arriscarem suas vidas.
O que a senhora faz para ajudar mulheres incapazes de voltar a seus lares?
Estamos planejando o estabelecimento de um abrigo provisório no qual mulheres que foram libertadas possam participar de programas de treinamento vocacional para geração de renda, a fim de facilitar sua reintegração. Por meio de um trabalho conjunto com o Governo e ONGs, fornecemos informações sobre a situação das mulheres nos abrigos e mantemos estatísticas sobre ex-prisioneiras para fins de monitoramento.
O que o governo do Afeganistão está fazendo no sentido de ajudar essas mulheres, e como é o seu trabalho junto ao governo?
O governo do Afeganistão é um dos grandes apoiadores da mudança no status das mulheres presas e está fornecendo instalações de treinamento para essas mulheres, em coordenação com os funcionários das penitenciárias e com as próprias presas. O UNODC fornece programas de treinamento em justiça criminal, a fim de capacitar os funcionários do sistema judiciário, além de ajudar o governo a desenvolver conteúdos de treinamento psicossocial para ser usado por assistentes sociais e funcionários de penitenciárias no auxílio às presas.