Ex-plantadores de coca e de ópio trocam experiências no Peru sobre desenvolvimento alternativo
31 de julho de 2009 - Agricultores asiáticos e peruanos que costumavam plantar ópio e coca, respectivamente, reuniram-se no Vale do Alto Huallaga, no Peru, para compartilhar experiências, ensinamentos e técnicas mais eficazes na redução da produção de drogas ilegais, enquanto garantem uma vida financeiramente estável e justa. As equipes regionais do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) do Peru e de Laos organizaram, juntamente com o governo peruano, um seminário de oito dias no país sul-americano.
O encontro proporcionou um estudo de campo para agentes dos governos, técnicos e agricultores do Sudeste Asiático (China, Laos, Mianmar e Tailândia) e da América do Sul (Colômbia, Equador e Peru). Os participantes visitaram Lima e várias localidades do Vale do Alto Huallaga - área antigamente dominada por cartéis de droga. Houve ainda visitas a plantações de dendê, café, cacau e palmito, a viveiros e a estações de tratamento, bem como a campos de coca, para conferir seu impacto devastador no meio-ambiente, particularmente sobre o solo, a fauna e as florestas.
Em cada parada, os agricultores locais explicaram o processo cooperativo que utilizam para produzir, comercializar e vender os produtos, a preços competitivos, no mercado nacional e internacional. Eles destacaram as medidas tomadas para ampliar seu espaço na cadeia de comercialização: eliminando os intermediários que colhiam a maior parte dos lucros, conseguiram exportar diretamente a sua produção.
Durante o seminário, os participantes aprenderam formas alternativas de desenvolvimento em acordo com as ações de combate a plantações ilícitas por parte dos governos nacionais para o controle de droga. "Embora o Peru ainda seja o segundo maior produtor de coca do mundo, um grande sucesso foi alcançado pelo trabalho conjunto do UNODC, de doadores bilaterais, autoridades nacionais e comunidades agricultoras para implementar iniciativas de desenvolvimento alternativas", disse Jorge Rios, chefe da Unidade de Subsistência Sustentável do UNODC.
A área de coca cultivada no Peru diminuiu de 128.100 hectares, em meados dos anos 1990, para 56.100 hectares em 2008, ou seja, uma redução de mais da metade. Cerca de 20 mil agricultores peruanos agora ganham a vida por meio de 13 empresas agro-industriais criadas com o apoio do UNODC para proporcionar fontes de rendimento alternativas ao plantio de coca. O UNODC auxilia no cultivo, no processamento e na comercialização dos produtos agrícolas lícitos, e na geração de renda por meio de atividades alinhadas com a procura do mercado e com habilidades, interesses e tradições dos agricultores.
"Há muitas lições a serem aprendidas com os 25 anos de história do desenvolvimento alternativo, e é importante garantir que os países estejam conscientes do que tem e o que não tem funcionado e como os obstáculos foram superados. Embora os modelos, em sua maioria, não possam ser totalmente reproduzidos, países que sofrem o problema do cultivo de drogas ilícitas frequentemente enfrentam os mesmos desafios e podem aprender uns com os outros", acrescentou Rios.
Atualmente, o UNODC aplica intervenções de desenvolvimento alternativo no Afeganistão, na Bolívia, na Colômbia, em Laos, em Mianmar e no Peru. Com o intuito de assegurar que os programas estejam adequadamente localizados, o UNODC apoia os governos a desenvolverem aproximações comunitárias no planejamento, na execução e na avaliação dos projetos, assim como na gestão dos recursos naturais.
Em continuidade ao seminário no Peru, que foi co-financiado pelo Ministério Federal Alemão para Cooperação Econômica e Desenvolvimento, o UNODC vem explorando a possibilidade de organizar intercâmbios de agricultores e técnicos em questões específicas. A criação de pequenas empresas e fazendas cooperativas, a produção e a utilização de adubos orgânicos e ações de marketing e pesquisa de valor agregado são exemplos a serem tratados. Espera-se que este programa de intercâmbio mais técnico resulte no aumento da produção agrícola, na melhoria das economias locais e do meio ambiente e, por consequência, na redução do plantio de drogas ilícitas.