Programa do UNODC ajuda mulheres que usam drogas no Afeganistão
17 de julho de 2009 - Aos 35 anos de idade, Amina é casada, tem seis filhos e cuida do lar na Província de Herat, no Afeganistão. Aos 10 anos, Amina começou a usar drogas, enquanto trabalhava como tecelã de tapetes. O trabalho era cansativo e os colegas aconselharam-na a usar ópio para aguentar o batente. Hoje, ela luta contra a dependência da heroína e é uma das muitas beneficiadas pelo programa HIV/Aids do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) para mulheres usuárias de drogas e presidiárias no Afeganistão.
"Inicialmente, eu esfregava ópio nas minhas articulações e músculos. Depois, passei a ingerir ópio durante sete anos e, então, resolvi fumar heroína, pois o ópio não me satisfazia mais. Finalmente, comecei a injetar heroína", conta. Passado algum tempo, Amina desejava doses cada vez maiores e métodos mais "eficazes". "Quando eu não usava drogas, me sentia mal. Por isso, continuei usando e, lentamente, passei do fumo para as injeções", acrescenta.
A relação com a família desestabilizou-se por causa das drogas. "Fiz todos os esforços para esconder meu vício dos vizinhos. Meus filhos frequentemente me pediam para parar. Nossos parentes deixaram de falar conosco", relembra. Amina diz que teve graves problemas físicos e mentais durante os últimos 25 anos em que consumiu drogas, além de sofrer discriminação. Ela não sabia onde encontrar ajuda até que o serviço social do Ministério da Saúde do Afeganistão a visitou. Os assistentes sociais explicaram os prejuízos mentais, sociais e financeiros que seu uso de drogas estava causando.
Foi um ponto de virada para Amina. "Eu sentia que eu tinha que tomar uma decisão difícil para começar uma nova vida. Eles me deram seringas limpas para evitar infecção. Eu também recebi aconselhamento pessoal e familiar. Agora, eu não tomo mais injeções; voltei ao uso pelo fumo e espero parar em breve", afirma. No entanto, Amina está descontente com o fato de que as duas filhas jovens estejam tecendo tapetes para ajudar na renda familiar e teme que elas também se envolvam com drogas. Mas, infelizmente, há pouca opção: Amina não pode mais tecer tapetes devido às consequências físicas de sua longa dependência química, o marido vive no exterior e a família precisa comer.
Amina tem um conselho para mulheres que usam drogas: "É muito difícil cuidar de seus filhos quando você é viciado em drogas. Dói ver que meus filhos sofrem. Você também não pode ser um membro produtivo da sociedade porque vive escondido. Procure ajuda".
O programa do UNODC visa proporcionar prevenção, tratamento e cuidados com HIV/Aids à mulheres que usam ou não drogas injetáveis (incluindo as envolvidas com prostituição e esposas de usuários de drogas) e mulheres que estejam cumprindo pena no sistema prisional. O UNODC apóia o Ministério da Saúde do Afeganistão fornecendo kits (composto por agulhas, seringas, preservativos, algodão, colheres, torniquetes e antissépticos) e atenção primária à saúde, inclusive para ajudar mulheres que injetam drogas para curar feridas. O Ministério submete os pacientes a um acompanhamento voluntário e confidencial e ao teste de HIV no centro da cidade de Herat.
Até agora, esses serviços têm alcançado um total de 324 mulheres não-usuárias de drogas injetáveis, 47 usuárias de drogas injetáveis e 30 esposas de homens que consomem a droga injetada nas províncias de Cabul, Herat e Balkh. Mais de 300 presidiárias de Cabul e Herat também têm sido beneficiadas. Atualmente, 88 mulheres da Penitenciária Feminina de Herat têm acesso a um médico do sexo feminino, três enfermeiras e a assistentes sociais duas vezes por semana.