Policiais da Comunidade de Língua Portuguesa e de países do Mercosul se formam na Academia Nacional de Polícia em Brasília
2 de julho de 2009 - Oitenta e um policiais de países da África lusófona e do Mercosul e Associados receberam, nesta quinta-feira (2), o certificado de conclusão do curso de capacitação da Polícia Federal em Brasília (DF). A participação dos alunos estrangeiros é uma iniciativa conjunta da Polícia Federal e do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) que visa fortalecer a capacidade de combater o tráfico de drogas e o crime organizado transnacional nesses países.
É a terceira vez que o curso de formação dos oficiais brasileiros recebe também alunos africanos e de outros países sul-americanos. A iniciativa surgiu em 2007, durante a Conferência Internacional sobre o Narcotráfico, em Lisboa, organizada pelo UNODC. Desde a primeira edição, em 2008, ao todo 117 policiais estrangeiros participaram dos cursos de formação. Neste ano, o I Curso Avançado para Policiais do Mercosul e Associados formou 48 oficiais - um argentino, dois bolivianos, dois colombianos, 42 paraguaios e um uruguaio. O II Curso de Polícia Judiciária para a Comunidade de Países de Língua Portuguesa formou 30 oficiais - 20 da Guiné-Bissau, cinco de Angola e cinco de São Tomé e Príncipe. Já o XXXI Curso de Formação Profissional de Perito Criminal Federal capacitou três oficiais da Bolívia.
Na cerimônia de formatura, estiveram presentes o ministro da Justiça, Tarso Genro - paraninfo da turma -, o delegado-chefe da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, o representante do UNODC no Brasil e Cone Sul, Bo Mathiasen, entre outras autoridades. Para o ministro Tarso Genro, essa cooperação internacional mostra uma nova personalidade das polícias da América do Sul. "As polícias querem se aperfeiçoar, querem ser polícias de estado e não polícias de governo, querem ser polícias de combate ao crime organizado e ao narcotráfico, polícias, portanto, dentro do Estado de Direito", disse Genro. "É uma colaboração muito importante, nós vamos continuá-la e aprofundá-la", concluiu.
Para o diretor da Academia Nacional de Polícia, Anísio Soares Vieira, a parceria tem um caráter estratégico. "Uma das formas de combate efetivo à criminalidade organizada transnacional é cooperação", disse Vieira. "E essa cooperação passa fundamentalmente pela capacitação", afirmou.
O representante do UNODC no Brasil e Cone Sul, Bo Mathiasen, explicou que o crime organizado atua em diversas frentes: trafico de drogas, tráfico de pessoas, lavagem de dinheiro, corrupção e outros temas do mandato do UNODC. "O crime organizado não respeita fronteiras", disse Mathiasen. "Por isso, é preciso enfrentar o crime no âmbito local e no âmbito global, por meio da cooperação internacional", afirmou. Ele ressaltou também que a cerimônia de formatura retrata a importância e a força da parceria entre o UNODC e a Polícia Federal do Brasil.
Entre as mulheres que se formaram nesta edição, a policial Maria Assunção, de 20 anos, natural de São Tomé e Príncipe, completou o curso de Polícia Judiciária para Comunidade de Países de Língua Portuguesa. "A adaptação foi um pouco difícil devido ao clima, mas depois de 15 dias começamos a nos adaptar e houve uma familiarização com os colegas", contou. Para ela, a experiência foi uma oportunidade única de convivência e de conhecimento, que será multiplicado para seus colegas em São Tomé e Príncipe.
"Isso é muito importante porque a formação que conseguiram aqui vai reestruturar e capacitar a policia judiciária guineense", disse Lucinda Barbosa, diretora da Polícia Judiciária de Guiné-Bissau. "Será uma reviravolta em termos de comportamento da Policia Judiciária que, na Guiné-Bissau é o órgão de investigação criminal", assinalou.