UNODC anuncia uma queda acentuada na produção de cocaína na Colômbia
19 de junho de 2009 - Estudo sobre a coca nos países andinos, divulgado nesta sexta-feira (19) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), mostra que o cultivo da coca e a produção de cocaína registraram uma acentuada queda em 2008. O cultivo diminuiu 18%, passando para 81.000 hectares, enquanto a produção de cocaína diminuiu 28%, de 600 toneladas em 2007 para 430 toneladas em 2008. Essas reduções drásticas observadas nos últimos 12 meses representam um retorno aos níveis de cultivo de coca registrados no período entre 2004 e 2006, como parte da diminuição registrada desde 2000. Do ponto de vista da produção potencial de cocaína, os resultados de 2008 são os mais baixos registrados na Colômbia nos últimos dez anos.
Boa parte dessa queda é resultado do processo de erradicação manual de 96.115 hectares de coca (um aumento de 44% em relação a 2007), além da fumigação de 133.496 hectares. "Isso representa uma conquista extraordinária", disse o Diretor Executivo do UNODC, Antonio Maria Costa. "Isso significa que foram erradicados mais plantas de coca na Colômbia do que foram cultivados em toda a Bolívia e o Peru".
Entretanto, o cultivo aumentou 6% na Bolívia e 4,5% no Peru. Na Bolívia, a produção potencial de cocaína aumentou 9%, ou seja, para 113 toneladas, enquanto no Peru, aumentou 4,1%, para 302 toneladas.
"Os aumentos registrados na Bolívia e no Peru mostram uma tendência na direção oposta", disse Costa. "Desde 2000, o cultivo de coca diminui na Colômbia e aumentou na Bolívia e no Peru", observou o Diretor Executivo do UNODC. "No Peru deve-se evitar o retorno de um período no qual os terroristas e os grupos insurgentes, como o Sendero Luminoso, tiravam proveito das drogas e da delinquência", advertiu costa.
O valor de cada pé de coca na Colômbia também está diminuindo, o que faz esse cultivo menos atrativo para os agricultores. De fato, 20.000 famílias a menos cultivaram a coca em 2008 em comparação com 2007 - uma diminuição de 26%. O UNODC está apoiando os esforços realizados pelos Governos da Colômbia e do Peru para ajudar os agricultores a optar por meio de vida lícitos. "É necessário haver muito mais assistência para o desenvolvimento dos países andinos, em particular nas regiões mais pobres, como nos Yungas da Bolívia, onde a coca é a única fonte de receita", disse Costa. Ele também advertiu que "as drogas estão destruindo os frágeis ecossistemas dos parques nacionais".
Segundo os estudos realizados, há avanços importantes na desarticulação do tráfico de drogas. Na Colômbia, foram apreendidas 200 toneladas de cocaína em 2008, o que representa um aumento de 57% em relação a 2007. Foram destruídos mais de 3.200 laboratórios, o equivalente a um aumento de 36%. Na Bolívia, as apreensões de base de cocaína reportadas aumentaram em 45%, o que significa passar de 14,91 para 21,64 toneladas. As apreensões de cloridrato de cocaína aumentaram em 145%, passando de 2,92 para 7,25 toneladas. As autoridades peruanas comunicaram um aumento de 86% nas apreensões de base de cocaína, passando de 6,26 para 11,75 toneladas, e um aumento de 100% nas apreensões de cloridrato de cocaína, de 8,10 para 16,20 toneladas.
"A oferta está diminuindo, assim como a demanda nos principais mercados da América do Norte, enquanto na Europa Ocidental parou de aumentar o uso de cocaína. Isso poderia explicar o aumento dos preços e a diminuição nos níveis de pureza. Também poderia explicar porque os carteis estão se tornando tão violentos", disse o Diretor Executivo do UNODC.