Por que a potência da maconha é importante?
29 de abril de 2009 - Dentre as muitas pessoas em todo o mundo que fazem uso de maconha, poucas delas compreendem o aumento da potência dessa droga ao longo do tempo. A maconha vem sofrendo intensas transformações desde os anos 70. Novos métodos de produção, tais como o cultivo hidropônico, têm aumentado a potência e os efeitos negativos do tetrahidrocanabinol (THC), a substância mais psicoativa encontrada na maconha. É importante compreender a potência da maconha devido a seu vínculo com problemas de saúde, inclusive a saúde mental.
Geralmente se considera a quantidade de THC numa amostra de maconha para medir a sua potência. Um dos estudos mais esclarecedores sobre o tema foi conduzido em 2004 pelo Centro Europeu de Monitoramento de Drogas e Vício (EMCDDA, na sigla em inglês) e concluiu que houve um modesto crescimento na potência na maconha compactada, possivelmente relacionado ao uso intensivo de métodos de cultivo em locais fechados. Não obstante, os autores perceberam que a quantidade de THC contido nas amostras variou amplamente.
Enquanto o Estudo do Escritório Interno do Reino Unido em 2008 encontrou uma pequena mudança, passando de 14% de potência média de maconha sem semente em amostras entre 2004 e 2005 a 15% em 2008. Aumentos de longo prazo também foram registrados nos Estados Unidos, chegando a uma potência média de 10% em 2008.
Múltiplas questões metodológicas que têm sido levantadas, que afetam a capacidade de geração de informações comparáveis e a inferência de tendências. Variáveis importantes a serem consideradas incluem a fitoquímica; o tipo do produto de maconha; o método de cultivo, a amostragem e o armazenamento. Como destalhado a seguir, cada um desses fatores podem afetar a medição da potência da maconha.
Parte da planta usada : A secreção de THC é mais abundante no topo das flores e nas folhas. A quantidade de resina secretada é influenciada por condições ambientais durante o crescimento (luz, temperatura e unidade), o gênero da planta, e o período de colheita. O THC contido varia entre as partes da planta: de 10-12 % nas flores, 1-2% nas folhas, 0,1-0,3 % nos caules, até 0,03% nas raízes.
Tipo de produto : Há três tipos principais produtos da maconha: erva (maconha), resina (haxixe) e óleo (óleo de haxixe). A erva da maconha é composta por flores e folhas secas. Contem freqüentemente até 5% de THC. A maconha sem semente é derivada da planta fêmea não-fertilizada, e pode ser muito mais potente. A resina da Maconha pode conter até 20% de THC. A forma mais potente da maconha é o óleo de maconha, derivado do extrato de resina concentrado. Ele pode conter até 60% de THC. O aumento no market share de um tipo de produto específico pode influenciar os valores médios de potência registrados. Por exemplo, o aumento de 10% registrado na quantidade média de THC em amostras apreendidas em 2008 pelo Escritório Nacional de Políticas de Combate às Drogas dos Estados Unidos está associado ao market share de 40% para maconha de alta potência (presumidamente cultivadas em locais fechados).
Métodos de cultivo : A planta de maconha cresce em vários ambientes climáticos. A quantidade e a qualidade da resina produzida dependem de temperatura, da umidade, da luz e da acidez ou alcalinidade do solo. Nesse sentido, a produção extensiva de maconha apresenta uma variação considerável da potência. Já a produção intensiva de plantas fêmeas e clonadas, usando luz artificial, algumas vezes sem solo (cultivo hidropônico), e com melhores condições de cultivo, é capaz de produzir maconha de maior potência.
Amostragem : A maior parte dos dados sobre a potência da maconha deriva de análises de amostras apreendidas. Portanto, tais amostras precisam ser representativas da apreensão como um todo, para que inferências e extrapolações possam ser feitas.
Armazenamento : O THC se converte em canabinol se exposto ao ar e à luz. Este processo reduz a concentração de THC, especialmente em amostras mais antigas que ainda não foram mantidas sob condições adequadas (ou seja, em locais amenos e protegidos da luz). Acredita-se que indicadores de aumento na potência do preparo de maconha confiscada em um período de 18 anos nos Estados Unidos devem ter sido afetados pelas condições de armazenamento de THC nas amostras antigas.
Apenas por meio de uma avaliação criteriosa desses fatores, poderemos chegar a uma análise mais sistemática, científica e comparável da potência da maconha nos diferentes locais do mundo e ao longo do tempo.