Governo e UNODC se unem para combater as drogas nas Maldivas

Photo: UNODC: Vice President of the Republic of Maldives, Dr Mohamed Waheed 1º de fevereiro de 2010 - O governo das Maldivas assinou recentemente com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) seu primeiro projeto de cooperação técnica específico para combater o abuso de drogas no país. O projeto, patrocinado pela União Europeia, irá fortalecer a resposta nacional nas questões relacionadas às drogas.

O escritório regional do UNODC para o Sudeste Asiático entrevistou o vice-presidente das Maldivas, Dr. Mohamed Waheed, sobre as expectativas do governo em relação o projeto, os desafios impostos pelas drogas no país e os passos que o governo vem tomando até o momento para enfrentar os desafios nesse campo.

Veja alguns dos principais trechos da entrevista.

Quais são as expectativas do governo quanto à cooperação técnica com o UNODC?

A assinatura do documento de projeto com o UNODC representa um grande passo para o governo das Maldivas. Este é o primeiro programa específico sobre drogas em um país financiado pela União Europeia. Anteriormente, o UNODC já havia prestado assistência técnica ao governo para desenvolver e lançar, em 2008, o primeiro plano nacional de controle da droga para 2008-2012.

Este novo projeto irá fornecer assistência técnica para fortalecer a resposta nacional de prevenção do uso abusivo de drogas e tratamento, por meio de uma série de medidas de fortalecimento da capacidade tanto do governo quanto da sociedade civil, no âmbito da assistência ao desenvolvimento das Nações Unidas. Nossa expectativa é de que o projeto seja um passo importante para se obter uma resposta coordenada entre o governo, os doadores, os especialistas e os grupos da sociedade civil que trabalham com a questão do uso de drogas e para sensibilizar as ONGs, os órgãos de repressão e, especialmente, o Poder Judiciário no que se refere às barreiras legais e políticas que impedem o acesso a programas sobre drogas.

Qual é a situação da questão das drogas nas Maldivas?

Desde que o primeiro caso de abuso de heroína foi detectado, em 1993, uso de drogas tem aumentado entre os jovens. Uso de drogas injetáveis também está em ascensão, e, embora a epidemia de HIV esteja em estágio inicial, esse uso poderá agravá-la. A Política Nacional de Saúde das Maldivas reconhece este como um dos seus grandes desafios. A dependência de drogas atinge a quase todas as famílias e também o governo. Outra triste necessidade é o tratamento da dependência nas prisões. As autoridades prisionais estimam que 80% dos presos nas Maldivas têm necessidade de tratamento para a dependência de drogas.

O senhor é conhecido por tomar a liderança na questão das drogas na agenda política nacional. Em agosto de 2009, o senhor organizou a Conferência pela Busca de um Futuro Livre das Drogas para as Maldivas. O que o motiva a trabalhar na prevenção das drogas?

Em 2009, a erradicação do uso abusivo de drogas tornou-se um grande desafio para o governo, que formulou um plano estratégico de cinco anos em conjunto com todos os interessados presentes na Conferência pela Busca de um Futuro. Precisamos colaborar com as ONGs, com os órgãos competentes do governo e com as agências da ONU - essa é maneira coerente de se lidar com este problema.

Estou motivado porque, por estar em uma posição de liderança e de autoridade, é minha responsabilidade com a sociedade das Maldivas que eu aproveite essa posição para transmitir uma mensagem sobre a prevenção ao uso abusivo de drogas e para forçar uma mudança para políticas abrangentes sobre drogas. Por estar em uma posição de liderança, posso ajudar a melhorar a coordenação inter-agências, dar esperança ao meu povo, convencer os responsáveis por políticas públicas políticos sobre os programas de prevenção de drogas e começam novas iniciativas.

Que outras medidas o Governo das Maldivas está realizando para enfrentar a questão das drogas?

As Maldivas tem fronteiras porosas e abrange uma área de 500 quilômetros. Temos 1.100 ilhas, das quais 200 são habitadas. Essas características dificultam a atuação de patrulhamento nas fronteiras e fiscalização por parte do governo. Entretanto, redes de controle e sistemas de vigilância aérea estão sendo implementados para reforçar a capacidade de ação da guarda costeira. De qualquer forma, o país ainda se encontra sob risco de ação do crime organizado transnacional, tal como o tráfico de drogas e o contrabando de migrantes.

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